No próximo dia 14 de junho, Washington sediará uma parada militar que celebra os 250 anos do Exército dos Estados Unidos. A cerimônia, que também marca o 79º aniversário de Donald Trump, busca mostrar força e unidade, com exibições de tanques e veículos de guerra caros, num evento que deve custar entre 25 e 45 milhões de dólares. No entanto, análises indicam que a real força dos EUA não está refletida nas telas e no desfile, mas na sua capacidade de garantir segurança, alianças sólidas e uma postura firme perante adversários.
Um espetáculo ilusório diante de desafios reais
Embora o desfile seja uma oportunidade de reafirmar o poder militar, a realidade aponta para uma imagem distorcida. Desenvolvimentos recentes revelam que o crescimento militar da China avança rapidamente, com a Marinha chinesa tornando-se a maior do mundo e sua presença em espaço cibernético, espacial e infraestrutura crítica crescendo exponencialmente. Segundo a Comissão de Defesa Nacional, que eu presidi, a indústria de defesa americana está lenta e fragilizada, incapaz de competir com os avanços chineses. Além disso, a atenção do governo de Trump esteve mais voltada às disputas culturais e à desmoralização de iniciativas de diversidade, do que ao fortalecimento do exército.
Conflitos internacionais e a sensação de declínio
Ucrânia e Rússia
O sonho de acabar com o conflito na Ucrânia em um único dia se distancia cada vez mais. Enquanto o exército russo intensifica ataques com drones e mísseis, a resistência ucraniana responde com ataques a alvos russos, mas as negociações de paz permanecem estagnadas. Uma lei bipartidária no Senado para impor sanções secundárias contra apoiadores de Putin encontra dificuldades na Câmara, evidenciando uma postura de hesitação do lado ocidental.
Conflitos no Oriente Médio e Irã
No Gaza, negociações de cessar-fogo estão emperradas, enquanto a crise humanitária piora. A relação entre EUA e Israel, antes próxima, se deteriorou, e a proposta de normalização entre Arábia Saudita e Israel está paralisada, sem perspectivas de avanços sem uma solução para os palestinos. Quanto ao Irã, o acordo nuclear foi abandonado por Trump há quase uma década, e as negociações atuais deixam dúvidas sobre o futuro. A Agência Internacional de Energia Nuclear censurou Teerã por não divulgar atividades nucleares, enquanto o país amplia suas reservas de urânio quase armas.
O que essa parada mostra de verdade
Apesar dos anúncios grandiosos, os EUA parecem recuar de seu papel de líder mundial. Paradas e demonstrações de força não disfarçam a perda de influência, as alianças enfraquecidas e a incerteza que paira sobre a política externa americana. Os adversários, de China a Irã, aproveitam a distração e avançam. Nosso exército, antigo e valoroso, merece reconhecimento, mas se o país deseja de fato projetar força, precisa focar em resultado, não em aparências. O mundo está ativo e em rápida mudança, e o momento exige mais estratégia que espetáculo.