O Papa Leo XIV afirmou que “a maior pobreza não é a ausência de bens materiais, mas o não reconhecimento de Deus”, ressaltando que a presença divina na nossa vida revela o verdadeiro valor das nossas riquezas. Essa declaração foi feita em seu mensagem, publicada nesta terça-feira (13), em preparação para o nono Dia Mundial dos Pobres, que será comemorado em 16 de novembro.
Reflexões sobre a pobreza e o afastamento de Deus
O pontífice relembrou que a riqueza, muitas vezes, leva ao desencanto e pode gerar uma pobreza ainda mais profunda, aquela originada na incapacidade de reconhecer nossa necessidade de Deus e de viver sem Ele. “Vivemos uma indiferença global que pode endurecer nossos corações e nos resignar diante das novas formas de pobreza,” advertiu, reforçando a responsabilidade social de promover o bem comum, uma prática fundamentada na “obra criadora de Deus, que dá a todos uma parte dos bens da terra”.
O Papa citou São Agustinho: “Tu dás pão ao faminto; mas seria melhor se ninguém fosse faminto, para que tu não precisasses dá-lo”. Para ele, ajudar os pobres é “uma questão de justiça antes de ser uma questão de caridade”, pois muitas vezes, ao ajudar alguém, também percebemos a perda de certezas materiais — como casa, educação, saúde e liberdade religiosa — essenciais à dignidade humana.
Os pobres como protagonistas da mensagem da Igreja
Leo XIV destacou que os pobres não representam uma distração para a Igreja, mas são seus irmãos e irmãs amados. “Por suas vidas, palavras e sabedoria, eles nos conectam com a verdade do Evangelho,” afirmou. Para o Papa, eles não são apenas destinatários das ações pastorais, mas “sujeitos criativos” que nos desafiam a encontrar novas formas de viver a fé na atualidade.
Segundo ele, toda forma de pobreza é uma oportunidade de experimentar o Evangelho de maneira concreta e oferecer sinais eficazes de esperança. “Eles vivem a esperança firme, mesmo diante da incerteza e marginalização, porque sua esperança está em Deus, que é sua única âncora,” apontou o pontífice.
Discriminação espiritual é a pior forma de exclusão social
O Papa Leo citou a encíclica Evangelii Gaudium, de seu predecessor, recordando que a pior discriminação sofrida pelos pobres é “a ausência de cuidado espiritual”.
“Nenhuma riqueza material, por maior que seja, pode proporcionar verdadeira felicidade sem a presença de Deus,” reforçou, destacando a relação circular entre fé, esperança e caridade. “A esperança nasce da fé, que é alimentada pela caridade, a mãe de todas as virtudes.”
A caridade, maior mandamento social da Igreja
Leo XIV afirmou que o convite bíblico à esperança implica “a responsabilidade de agir na história, sem hesitação”, lembrando que “a caridade, de fato, é o maior mandamento social” — conforme a Catecate do Magistério da Igreja, nº 1889. Ele ressaltou que a pobreza tem causas estruturais a serem enfrentadas, mas que também cabe a cada um oferecer sinais de esperança e solidariedade.
Para o pontífice, instituições como hospitais, escolas, centros de acolhimento, comunidades de menores e centros de escuta representam exemplos concretos de esperança presente na ação da Igreja. “Quantos desses gestos silenciosos muitas vezes passam despercebidos, mas têm um impacto profundo na construção de uma sociedade mais justa,” observou.
Por fim, Leo XIV chamou a comunidade internacional a promover políticas que combatam tanto as formas tradicionais quanto as novas de pobreza, reforçando a importância do trabalho, educação, moradia e saúde como fundamentos de uma paz verdadeira. “A segurança plena não se alcança com armas, mas com justiça social e solidariedade,” concluiu.
Esta história foi originalmente publicada pela ACI Prensa e adaptada pela CNA.