Uma mãe de Queimados, na Baixada Fluminense, ganhou destaque na mídia ao registrar uma queixa na polícia contra um posto de saúde local. A história começou quando sua filha, diagnosticada com tuberculose, recebeu atendimento não supervisionado de uma recepcionista em vez de uma médica. Investigadores agora analisam o caso como uma possível violação das leis de prática médica.
O relato da mãe
Jaciane Oliveira Rosa, a mãe da criança, ficou alarmada ao perceber que sua filha estava sendo atendida por uma recepcionista, enquanto a médica Maria Manoela, responsável pelo acompanhamento, estava em casa. Para contornar a situação, a recepcionista tirou fotos da menina e enviou para a médica, que orientou o atendimento por meio de uma ligação telefônica.
“Eu perguntei por que ela não estava atendendo presencialmente. Não era sua obrigação? Além da minha filha, outras crianças também precisam de cuidado”, desabafou Jaciane. Desde que iniciou o tratamento em novembro, a criança havia sido atendida presencialmente somente quatro vezes, sendo a última há dois meses.
Consequências do atendimento inadequado
A clínica onde a menina é atendida tem um Programa de Controle de Tuberculose, que exige acompanhamento rigoroso. A mãe observou que novos caroços apareceram na filha, um indício de agravamento da condição que não deveria ocorrer sem supervisão médica direta. “Ela estava com 18 caroços, coisas que apareceram sem a doutora vê-la. É inaceitável”, afirmou Jaciane.
O papel da recepcionista e a falta de supervisão
Durante a investigação, a recepcionista alegou que a informação de que faria consultas via celular não procedia, insistindo que não praticava nenhuma atividade médica. No entanto, a entrega da receita sem a assinatura da médica levantou ainda mais suspeitas sobre a conduta da equipe. Jaciane procurou a delegacia imediatamente após o atendimento inusitado e registrou a ocorrência sob a acusação de exercício ilegal da medicina.
A resposta da Prefeitura de Queimados
A Prefeitura de Queimados, em resposta à situação, informou que a médica Maria Manoela estava em processo de aposentadoria, o que explicaria sua ausência no posto de saúde. A administração municipal destacou que, para não interromper o tratamento da criança, a médica optou por dar orientações por telefone, uma prática que pode ter gerado confusão e desconfiança.
Além disso, uma nova consulta foi agendada para o dia 18 no Instituto de Pediatria Martagão Gesteira, ao qual a criança será encaminhada para um acompanhamento mais rigoroso e seguro.
Esperança de mudança e possíveis consequências
Jaciane se manifestou indignada durante uma reunião com a Ouvidoria da Prefeitura, reportando que não obteve respostas satisfatórias sobre suas reivindicações. “Eles tentaram me convencer a retirar a queixa, alegando que amam o trabalho que fazem. Mas eu não posso deixar isso passar”, reforçou a mãe.
A Polícia Civil, por sua vez, está atenta ao caso e as investigações continuam. A larissa da criança pode implicar em sérias consequências para os envolvidos, à medida que a legislação prevê sanções rigorosas para práticas médicas inadequadas.
Reflexões sobre a saúde pública
O episódio levanta questões sobre a qualidade do atendimento na saúde pública, especialmente em comunidades que enfrentam desafios socioeconômicos. As experiências de Jaciane e de sua filha mostram a urgência de garantir que as entidades de saúde mantenham padrões adequados e que os profissionais estejam sempre disponíveis para atender às necessidades de seus pacientes.
A realidade enfrentada pela mãe e sua filha é um lembrete da importância de vigilância e responsabilidade na prestação de serviços médicos. Com a esperança de que seu pedido de justiça não caia em ouvidos surdos, Jaciane avança na luta por um atendimento digno para sua filha e para outras crianças em situação semelhante.