O ex-presidente do Vasco, Jorge Salgado, credor do clube no processo de recuperação judicial, fez críticas contundentes à proposta de deságio que lhe foi apresentada. O clube propôs um desconto de 90% no valor que Salgado tem a receber, o que ele considera uma oferta inaceitável.
Rejeição às propostas de deságio
Em entrevista ao blog, Salgado explicou sua posição sobre a situação financeira do clube e a forma como a recuperação judicial está sendo conduzida. “Por diversas vezes tentei fazer acordo com o clube,” afirmou. “Recebo a proposta, analiso, não precisa receber de uma vez, pode ser parcelado, mas nunca obtive resposta. Diante disso, recorri a um advogado para cuidar dos meus interesses na recuperação judicial,” completou.
De acordo com Salgado, a proposta prevê que ele receba apenas 10% do valor total após a aprovação da recuperação judicial, o que ocorreria apenas três anos depois e em um prazo que poderia se estender por até 16 anos. “Me querem dar um desconto de 90%. Em que condições? Depois de aprovada a recuperação judicial. Não posso aceitar isso. Tentei por muitos anos ajudar o clube e agora me apresentam um valor assim,” destacou.
A busca por um acordo justo
O ex-dirigente expressou sua indignação com o que considera um calote. “Ajudei o clube por 50 anos e sou uma vítima nesta situação. Eu e outros credores não queremos aceitar esta proposta. Isso será discutido em uma Assembleia Geral no Vasco,” afirmou Salgado, ressaltando a necessidade de buscar uma “solução diferente” nas negociações.
Ele também revelou que não foi recebido por representantes da atual administração, o que dificultou ainda mais a busca por um acordo. “Procuramos a diretoria várias vezes e não conseguimos diálogo,” lamentou. Em sua visão, essa falta de comunicação e entendimento não é benéfica para o clube, especialmente em um momento onde a credibilidade e a formação de parcerias com investidores são cruciais para o futuro do Vasco.
A importância da colaboração
Salgado destacou que sempre esteve disposto a colaborar com o clube em momentos de dificuldade financeira. “Fui procurado ao longo dos anos por diferentes administrações para socorrer financeiramente ao clube. Independente do viés político, sempre colaborei dentro das minhas possibilidades,” comentou.
Ele ainda recordou o estado crítico em que encontrou o clube quando assumiu a presidência em 2021: “Salares atrasados, inadimplência com fornecedores, contas bloqueadas. Para manter o clube funcionando, tive que fazer aportes pessoais muito significativos.”
As implicações da recuperação judicial
Salgado criticou abertamente as condições do plano de pagamento proposto pela administração atual. “O desconto de 90% da dívida é aviltante e demonstra um desrespeito com quem sempre ajudou o clube,” ponderou, afirmando que um credor não pode ser tratado dessa forma após tantos anos de colaboração.
Além disso, salienta que essa postura prejudica a imagem e a credibilidade do Vasco, especialmente em um momento em que a captação de novos investidores é vital. “A forma como os credores são tratados impacta diretamente a capacidade do clube em atrair novas parcerias,” concluiu.
Por fim, Jorge Salgado reafirmou que permanece aberto ao diálogo com a diretoria. “Continuo como sempre estive, disponível para conversar,” finalizou o ex-presidente.
Essa situação em torno da recuperação judicial do Vasco levanta questões importantes sobre a gestão financeira do clube e a necessidade de um entendimento entre as partes envolvidas. O desenrolar dos acontecimentos será observado de perto pelos torcedores e pela comunidade do futebol.
