A 18ª Conferência dos Estados Partes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (COSP), ocorreu em Nova Iorque e reuniu representantes de diversos países para discutir a inclusão e os direitos das pessoas com deficiência. Entre os participantes, esteve a irmã Veronica Donatello, da Ordem Franciscana, que é líder do Serviço Nacional para a Pastoral das Pessoas com Deficiência da Conferência Episcopal Italiana (CEI) e coordenadora do projeto “Nessuno Escluso” (Ninguém Excluído). O evento teve como objetivo reforçar a conscientização pública sobre os direitos e as contribuições das pessoas com deficiência para o desenvolvimento social, especialmente em preparação para a Segunda Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Social, marcada para novembro de 2025.
A importância da inclusão em todas as fases da vida
A irmã Veronica Donatello expressou a relevância de promover uma abordagem que inclua pessoas com deficiência em todas as etapas da vida. Em entrevista à mídia vaticana, ela destacou a importância de apoiar essas pessoas em diferentes contextos e transições de vida: “É fundamental trabalhar no âmbito da espiritualidade e acompanhar a família. Precisamos enfrentar esses desafios e mudar a percepção cultural sobre a exclusão”, afirmou. A religiosa também comentou sobre a reação positiva de muitos participantes em relação ao trabalho da Igreja, que tem sido mais ativo do que as pessoas frequentemente imaginam, desafiando estereótipos e preconceitos.
Um olhar sobre a tecnologia e seus desafios
Durante seu discurso, a irmã Donatello também abordou o impacto da Inteligência Artificial (IA) e das novas tecnologias na melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, especialmente em regiões como a Ásia. No entanto, ela fez um alerta importante: “Nunca devemos esquecer que, no final, o que importa são as pessoas”, enfatizou. Segundo ela, enquanto a tecnologia avança rapidamente, muitas famílias enfrentam enormes dificuldades na luta por direitos básicos, especialmente em áreas afetadas por guerras e crises sociais, como na América Latina e na África.
Desafios enfrentados por grupos marginalizados
Outro ponto abordado pela irmã Veronica foi a chamada “tripla guetização”, que se refere aos desafios enfrentados por mulheres estrangeiras com deficiência. Ela destacou a complexidade dessa situação e a necessidade de formação contínua para fornecer respostas pastorais adequadas. O projeto “Vatican for All”, que visa a promover acessibilidade em eventos papais, é um exemplo de iniciativa positiva nesse sentido, como explicou em sua intervenção na ONU. “Promover o trabalho, o tempo livre, o esporte e a arte é fundamental para garantir uma vida digna a todos”, afirmou.
A voz da Itália na ONU
Alessandra Locatelli, Ministra para as Deficiências da Itália, também esteve presente na conferência e compartilhou a experiência do país em discutir e implementar reformas voltadas para a deficiência. “Estamos passando de uma visão assistencialista para uma valorização das competências e talentos das pessoas com deficiência”, destacou. Locatelli frisou a relevância de uma comunicação que aborde o cotidiano das pessoas com deficiência, sem se limitar a histórias trágicas ou inspiradoras. Um dos momentos marcantes da delegação italiana foi o concerto do grupo “Si può fare band”, realizado no dia 9 de junho, que uniu talentos e promoveu a inclusão por meio da música.
Atividades práticas e cooperação internacional
A conferência também incluiu eventos paralelos que favoreceram a interação entre autoridades e representantes de associações de pessoas com deficiência. As atividades realizadas, como workshops de artesanato e culinária, não apenas proporcionaram entretenimento, mas também fortaleceram os laços de cooperação e troca de experiências entre diferentes nações. A irmã Veronica e a Ministra Locatelli se mostraram otimistas quanto ao futuro e à continuidade desse diálogo, que, segundo elas, é fundamental para o progresso da inclusão.
Após a missa celebrada por dom Luigi Portarulo na histórica catedral de Old St. Patrick, foi realizada uma reunião preparatória do grupo de trabalho G20 sobre Inclusão e Deficiência, programada para novembro em Pretória, na África do Sul. O intuito é dar sequência aos trabalhos do G7,Historic O primeiro da história dedicado à deficiência, que aconteceu no ano passado em Assis.
Assim, a participação da irmã Veronica Donatello e da delegação italiana na COSP representa um marco importante para a inclusão de pessoas com deficiência, promovendo um diálogo necessário e urgente sobre os direitos e a dignidade humana de todos.
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