Na véspera de ser preso pela Polícia Federal, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro em Natal, Rio Grande do Norte. A reunião ocorre em meio a investigações que envolvem Machado, que é suspeito de tentar atrapalhar as apurações sobre um suposto golpe de Estado.
Encontro no aeroporto e plano de retorno à “rota 22”
Na quinta-feira, Machado recepcionou Bolsonaro no aeroporto de Natal. Depois, durante um almoço com aliados, o ex-ministro compartilhou o encontro em suas redes sociais. Nos vídeos divulgados, ele menciona que Bolsonaro está “recuperado” e pronto para reiniciar a chamada “rota 22” pelo Nordeste. “É fundamental a receptividade que estamos tendo no Nordeste”, destacou Machado, em um claro esforço de manter o apoio popular na região.
Detenção de Gilson Machado e acusações de obstrução de Justiça
A sexta-feira teve um desdobramento dramático para Gilson Machado, que foi detido sob suspeita de obstrução de Justiça. A investigação da Polícia Federal (PF) aponta que ele teria tentado facilitar a obtenção de um passaporte português para Mauro Cid, um de seus aliados próximos e réu nas investigações relacionadas ao suposto golpe.
A PF está investigando se a tentativa de Machado foi deliberada para facilitar a saída de Cid do país. Em entrevista ao GLOBO, o ex-ministro reconheceu que contatou o Consulado de Portugal em Recife em maio, mas negou que sua intenção tivesse algo a ver com Cid, alegando que buscava tratar de uma questão familiar.
Suspeitas e indícios de favorecimento pessoal
A PF reuniu uma série de indícios que levantam dúvidas sobre as intenções de Machado. Ele teria solicitado informações sobre como obter o passaporte de Cid durante a ligação ao consulado, o que gerou desconfianças de que ele possa ter tentado buscar outras embaixadas com o mesmo objetivo. Além disso, a PF mencionou que, no início de 2023, Machado procurou um serviço de assessoria para a obtenção da cidadania portuguesa, o que pode estar relacionado às suas intenções de ajudar Cid.
Questionado sobre as acusações, Machado se mostrou surpreso e negou veementemente ter buscado o consulado para ajudar Mauro Cid. “Nunca fui atrás de nada a respeito de Mauro Cid. Tratei do passaporte para o meu pai”, afirmou ele, em defesa de sua conduta.
Reação da Procuradoria-Geral da República
A Procuradoria-Geral da República (PGR) considera que as ações de Gilson Machado podem configurar obstrução de Justiça e favorecimento pessoal, uma vez que existem “elementos sugestivos” de que ele estava tentando dificultar as investigações sobre a trama golpista. A PGR destaca que é fundamental aprofundar a apuração para avaliar o verdadeiro alcance das ações de Machado e suas possíveis consequências legais.
As investigações estão em andamento e a proximidade do encerramento da instrução processual aumenta a tensão, uma vez que a evasão de Mauro Cid, caso se confirme, poderia levar a sérias implicações legais para todos os envolvidos.
Com o cenário político brasileiro ainda tenso e as investigações ganhando força, a detenção de Gilson Machado representa mais uma reviravolta no já tumultuado panorama político que envolve Jair Bolsonaro e seus aliados. Este episódio evidencia a complexidade das relações entre os personagens envolvidos e a relevância das apurações em questão, que podem redefinir o futuro político do ex-presidente e de sua antiga equipe.
Com a situação se desenrolando rapidamente, muitos aguardam ansiosamente novos desdobramentos sobre o caso, bem como sobre o retorno de Bolsonaro ao cenário político nacional.