A fusão do PSDB com o Podemos, que inicialmente era vista como uma estratégia para fortalecer essas siglas, agora é considerada inviável por lideranças de ambos os partidos. O deputado federal Aécio Neves (MG), uma das principais figuras do PSDB, revelou que, dada a recusa, o partido está direcionando esforços para uma federação com legendas maiores, como o MDB e o Republicanos, e até mesmo com o Solidariedade. O ex-senador e ex-presidente dos tucanos, José Aníbal, ressaltou que ainda não é o momento de dar por encerradas as tratativas.
Impasse sobre a presidência da nova sigla
Segundo informações de líderes dos partidos envolvidos, a negociação falhou devido a um impasse sobre a governança da nova sigla. A presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), exigiu quatro anos de presidência, com um revezamento subsequente no comando. No entanto, essa proposta não foi aceita pelos tucanos, que optaram por paralisar as conversas.
Aécio Neves, que atua na executiva e preside o Instituto Teotônio Vilela (ITV), destacou: “Nós mantemos uma ótima relação com o Podemos, com a sua presidente Renata Abreu, mas houve realmente um impasse em relação à governança. Estamos avançando em tratativas sobre federação com outros partidos, como o Republicanos, o MDB e o Solidariedade.”
Fusão ou encolhimento do partido
A possibilidade de fusão com o Podemos era vista como uma saída para evitar o encolhimento do PSDB nas eleições de 2026, em um contexto de fortalecimento da nova direita em torno do PL e da formação de superpartidos do Centrão, como a recente união entre o PP e o União Brasil. A aliança entre MDB e Republicanos também está em andamento, visando uma federação que assegure a somatória de fundos eleitorais e votos em votações proporcionais, aumentando as chances de eleição para as câmaras e outros cargos legislativos.
Aécio menciona que a decisão de interromper as conversas com o Podemos pode não ser definitiva: “Nada impede que nós retomemos um pouco mais à frente as conversas, já não mais para incorporação, mas até mesmo para uma federação onde cada partido mantém a sua autonomia administrativa. O projeto PSDB continua sendo se fortalecer para construir um caminho ao centro para o Brasil, uma alternativa a esses dois extremos que aí estão.”
Divergências entre os partidos
A fusão deveria ocorrer por meio de uma incorporação do Podemos ao PSDB. Mesmo assim, o acordo era tratado como uma fusão efetiva, já que implicaria mudanças na liderança e no estatuto, incluindo a possibilidade de trocar o número 45, tradicional do PSDB, por outro nas urnas.
O presidente do PSDB, Marconi Perillo, abordou as divergências: “A ideia de uma fusão ou incorporação entre PSDB e Podemos neste momento está suspensa por conta de divergências relacionadas ao comando da nova legenda. Por outro lado, seguimos insistindo na ideia de construir uma plataforma política que agrupe o Centro Democrático e apresente ao país uma alternativa de poder.”
Possíveis alianças com MDB e Republicanos
Após resultados insatisfatórios nas eleições municipais de 2024, a ideia de aliança com partidos maiores do Centrão, como MDB, Republicanos ou PSD, tomou força entre os tucanos. Embora essa estratégia possa ser vista como extrema, ela também representa a necessidade do PSDB de se adaptar ao novo cenário político e, possivelmente, de se unir a forças mais robustas para voltar a ter relevância no cenário nacional.
Vale ressaltar que, antes de considerar a fusão com o Podemos, as lideranças tucanas estavam avaliando a possibilidade de uma federação com partidos como o Solidariedade ou o PDT. Contudo, esse caminho foi rapidamente descartado, pois não pareceria resolver os problemas do PSDB, que busca acesso a um fundo partidário maior e oportunidades de eleger um número significativo de deputados e senadores no Congresso.
Com a complexidade do cenário político brasileiro e as dificuldades enfrentadas pelo PSDB, a busca por alianças mais sólidas será crucial para a sobrevivência e relevância do partido nos próximos anos.
