Recentemente, um vídeo mostrando uma cidade “verdadeira” dos EUA viralizou entre os conservadores, que alegam que esse tipo de local representa a essência do “verdadeiro americano”. No entanto, ao descobrir que a cidade em questão é uma suburbana de Michigan, uma região tradicionalmente democrata, a narrativa perde credibilidade e revela preconceitos subjacentes.
O vídeo e a representação de “Small Town USA”
O clipe apresenta uma rua tranquila, com bandeiras americanas, uma feira local, policiamento a cavalo e ambientes considerados emblemáticos de “paz e patriotismo”. Essas imagens, contudo, representam somente uma parte da realidade de uma comunidade específica — a cidade de Rockford, Michigan, uma área que, apesar de ser classificada como “pequena” por alguns, é uma suburbana de alto padrão, com um perfil majoritariamente branco e voto no partido Democrata.
A ilusão de tranquilidade e o viés racial
O vídeo em questão foi utilizado por Charlie Kirk para contrastar com Los Angeles, uma estratégia para manter a narrativa de que cidades grandes são caóticas e perigosas. Contudo, a maioria dos espectadores percebeu rapidamente que a representação era tendenciosa. Segundo análises eleitorais, Rockford votou em Biden e Kamala Harris nas últimas eleições presidenciais, o que desafia a ideia de uma “cidade” de perfil conservador ou rural.
“Essa é uma cidade que vota majoritariamente em democratas, mas aparece como um paraíso patriótico e branco,” apontou um internauta. Outros destacaram ainda que a cidade só é retratada dessa forma porque, até recentemente, a região tinha uma composição racial de 72% de brancos, bem acima da média nacional.
O impacto racial e o viés do “ideal americano”
Este episódio evidencia um mito difundido por alguns setores conservadores: que as pequenas cidades representam a verdadeira América, a aldeia democrática e patriótica livre de diversidade. Na prática, essas regiões muitas vezes apresentam uma homogeneidade racial e social que reforça estereótipos, além de esconder questões estruturais de desigualdade e exclusão.
“O que essa narrativa revela é uma preferência por comunidades onde a presença de negros e latinos é mínima, reforçando, sem querer, o racismo estrutural que ainda permeia o discurso de certos segmentos,” comentou uma analista de estudos sociais.
Reflexões sobre os estereótipos e a realidade
Conforme uma análise publicada pela Washington Post, a associação de pequenas cidades com pureza, patriotismo e homogeneidade é uma simplificação que negligencia a diversidade que existe em todos os recantos do país. Cidades pequenas podem ser pacatas, mas também podem esconder problemas sociais, raciais e econômicos complexos.
O que podemos aprender com essa discussão?
Este episódio nos leva a refletir sobre a importância de reconhecer a diversidade dentro de qualquer classificação geográfica. A narrativa de que “cidade verdadeira” é necessariamente pacífica, racista e homogênea reforça uma visão estereotipada que não corresponde à complexidade do Brasil ou dos EUA.
Na verdade, cidades maiores também oferecem seus desafios e potencialidades, e a valorização da diversidade deve preceder qualquer discurso que idealize uma “verdadeira” essência americana ou brasileira. Como mostram as eleições e a diversidade de comunidades, o país é muito mais plural do que uma simples narrativa de “cidade perfeita”.
Para ler mais sobre as dinâmicas raciais e eleitorais nos EUA, recomenda-se o estudo da Pew Research Center, que mostra como a composição eleitoral e racial molda a política local e nacional.
**META DESCRIÇÃO:**
Análise sobre a ideia de cidades “ideais” nos EUA, desmistificando o estereótipo de pequenas cidades homogêneas e patrióticas.
**ETIQUETAS:**
Análise, política, diversidade, cultura americana, estereótipos