No último dia 13, a renomada escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie fez uma participação marcante na Bienal do Livro, realizada no Riocentro, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Durante uma palestra no Palco Apoteose, mediada pela atriz Taís Araújo, a autora apresentou seu oitavo livro, intitulado “A contagem dos sonhos”, e refletiu sobre questões de negritude, feminismo e a natureza do amor.
A força das histórias de Chimamanda
Adichie, que se tornou um ícone da literatura contemporânea, destacou durante a palestra que falar sobre suas experiências, especialmente em relação à luta racial e às questões femininas, é uma forma de resistência. “Falar sobre negritude e as questões femininas é natural pra mim, é uma forma de lutar contra a opressão. É o centro de tudo”, declarou. Essa conexão com suas raízes e vivências permeia sua obra e cativa leitores ao redor do mundo.
A contagem dos sonhos: uma reflexão sobre o amor
O novo livro, “A contagem dos sonhos”, explora as relações românticas, familiares e de amizade, indagando: “E, afinal, quantos sonhos você já sonhou?”. Adichie propõe uma reflexão sobre as escolhas que moldam as vidas das mulheres, ressaltando como as experiencias de mães e filhas se entrelaçam. “Eu terminei esse livro há 11 meses. Eu tinha essa personagem na minha cabeça há anos e eu queria uma história sobre diferentes mulheres e vozes. Um personagem vendo outro personagem”, explicou a autora.
Chimamanda também abordou a transformação que a maternidade provoca na vida das mulheres. “A maternidade muda as mulheres de uma forma impressionante. O ‘Contagem de Sonhos’ é sobre isso. Sobre como a maternidade muda a vida das mulheres”, destacou.
Desafios da leitura no contexto contemporâneo
Durante a conversa, a escritora expressou sua preocupação com o reconhecimento da literatura em uma era dominada por imagens e filmes. “Acho triste viver em um mundo onde os filmes são mais valorizados do que os livros. Não mudaria nenhuma história com a intenção de transformá-la em filme”, declarou. Essa afirmação ressoa com muitos educadores e amantes dos livros que temem a crescente desvalorização da leitura entre as novas gerações.
Adichie também falou sobre a falta de interesse das crianças pela leitura, um fenómeno não exclusivo do Brasil. “É muito mais fácil entregar um celular porque se está cansado ou sobrecarregado. Mas a gente aprende muito mais lendo”, afirmou, ressaltando a importância de os adultos escolherem livros adequados, que possam atrair a atenção dos jovens leitores. Ela compartilhou sua experiência pessoal: “Eu tive essa batalha com a minha filha. Ela não gostava de ler, e a gente não deixava ela ter celular. Então eu mudei os livros que eu escolhia para coisas que ela poderia gostar e agora ela está lendo.”
A relevância das vozes femininas na literatura
Chimamanda Ngozi Adichie não é apenas uma autora de sucesso, mas também uma voz poderosa no debate sobre feminismo, racismo e identidade. Sua presença na Bienal do Livro trouxe à tona a importância de discutir e promover a literatura como uma forma de resistência e expressão pessoal e coletiva.
No encerramento da palestra, a autora reafirmou seu compromisso com a literatura que aborda temas universais, mas que também reflete a realidade das mulheres negras e as lutas que enfrentam. “A maternidade transforma profundamente a vida das mulheres. Meu livro fala sobre isso, e mais importante, sobre como as mulheres podem encontrar sua voz em um mundo que frequentemente tenta silenciá-las”, concluiu.
A participação de Chimamanda na Bienal do Livro não apenas promoveu seu novo trabalho, mas também estimulou um diálogo importante sobre a valorização da leitura, a diversidade nas narrativas e a luta pela igualdade de vozes no cenário literário.
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