Brasil, 14 de junho de 2025
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Acordo de Mauro Cid pode ser anulado, mas provas permanecem intactas

A eventual anulação do acordo de colaboração premiada de Mauro Cid não comprometeria as provas na investigação sobre Jair Bolsonaro.

O futuro do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, e sua colaboração com a Polícia Federal (PF) estão em jogo após rumores de uma potencial anulação do acordo de delação premiada. Especialistas e membros da cúpula da PF afirmam que, mesmo que o acordo seja invalidado, as provas obtidas permanecem válidas e poderão impactar seriamente a investigação que mira Bolsonaro.

O contexto da delação

O acordo de colaboração de Cid foi homologado pelo ministro Alexandre de Moraes em setembro de 2023. Por meio dele, Cid se comprometeu a fornecer informações sobre crimes relacionados a uma trama golpista que envolvia outros altos membros do governo anterior. Isso incluiu Bolsonaro e outros 32 indivíduos, nos quais a Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou envolvimento em tentativas de subversão da ordem democrática.

Com a delação, Cid ganhou benefícios significativos, como uma pena reduzida de dois anos de prisão e restituição de bens apreendidos, além de proteção para sua família. No entanto, a eventual anulação do acordo levantou preocupações sobre a preservação desses privilégios, como aponta um especialista em direito. “O Cid é quem mais tem a perder se a delação for invalidada. A verdade é que a anulação pode colocar em risco não apenas os benefícios, mas também a credibilidade das suas declarações.”

Impacto das provas na investigação

Os advogados que atuam no caso enfatizam que, independentemente do destino da delação, as provas obtidas através dela continuam válidas. “A única coisa que muda nesse processo, se a colaboração cair, são os benefícios do colaborador”, explica uma fonte da PF. Assim, a investigação poderá seguir seu curso, dependendo de evidências coletadas através de outros meios e não exclusivamente da palavra de Cid.

As declarações de Cid e a pressão sob a PF

Atualmente, Cid enfrenta novas cobranças, incluindo um depoimento recente à PF para explicar tentativas de obtenção de passaporte português, possivelmente para facilitar a sua fuga do país. Esta pressão adicional pode complicar ainda mais sua situação, já que sua credibilidade está em jogo, especialmente após a divulgação de mensagens que contradizem suas declarações anteriores.

Com a investigação se desenrolando, a dúvida sobre o futuro de Cid e os desdobramentos possíveis em relação aos benefícios do acordo também se tornam um foco central. A melhor opção para ele seria cooperar plenamente com a justiça e garantir a manutenção de sua colaboração.

As reações ao caso e o cenário político atual

A discussão em torno do acordo de colaboração de Cid ocorre em um ambiente político tenso, onde aliados e opositores de Bolsonaro observam cada movimento de perto. O ex-presidente tem menos espaço para manobras após a delação de Cid ser um dos elementos centrais das investigações. “Eles é que têm de provar que eu sou culpado”, disse Bolsonaro recentemente, minimizando as acusações que enfrentou e tentando evadir a pressão política.

A cúpula da PF, por sua vez, revela um clima de cautela, visto que uma possível anulação do acordo de Cid não apenas afetaria a credibilidade das investigações, mas também a confiança nas operações da instituição diante da opinião pública.

As consequências de uma possível anulação do acordo

O cenário é complexo e um tanto incerto. Se o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela anulação do acordo, isso não significaria que todas as investigações relacionadas seriam de modo algum invalidas. Os ministros poderiam argumentar que a colaboração foi apenas um meio para obter evidências, e que existem dados autônomos que sustentam as acusações contra os réus envolvidos na trama golpista.

Esse desenvolvimento não só poderia enfraquecer o caso contra Bolsonaro e outros réus, mas também colocar Cid em uma posição vulnerável, o que torna sua colaboração ainda mais crucial para a sustentação do processo judicial. O desdobramento da situação de Cid, com todos os seus riscos e benefícios, serão monitorados de perto tanto pela justiça quanto pela sociedade nos próximos meses.

Assim, enquanto a investigação avança, o futuro político e judicial de figuras proeminentes dessa trama ainda permanece em suspenso. O desenrolar desses acontecimentos será fundamental para determinar não apenas a liberdade individual de Cid, mas também a redemocratização ou a continuidade de um cenário de polarização e crise institucional no Brasil.

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