Nos últimos meses, uma intensa disputa territorial entre o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP) tem gerado preocupação entre os moradores da Zona Norte do Rio de Janeiro. O cenário de violência atingiu um novo pico na madrugada de quinta-feira (12), quando a favela do Morro do Fubá, situada entre o Campinho e Cascadura, foi palco de um tiroteio que durou várias horas. Este é o quarto confronto registrado nas últimas semanas, aumentando o temor entre aqueles que habitam a região.
Um dia de terror na comunidade
Vídeos compartilhados por moradores mostram a intensidade e a gravidade da situação, com tiros traçantes sendo disparados durante o confronto. As imagens, que circulam nas redes sociais, capturam a movimentação frenética de criminosos se atacando mutuamente, com o céu iluminado por projéteis que riscam a escuridão da noite. Uma residente que preferiu não se identificar relatou: “Foi assustador. Ouvi muitas explosões e só queria que isso acabasse logo”. Esse tipo de ataques não é incomum, mas a frequência e a ferocidade dos últimos dias têm deixado muitos preocupados com a segurança na área.
A escalada da violência e as consequências para os moradores
A disputa entre o CV e o TCP tem mostrado uma escalada na violência, envolvendo não somente confrontos diretos, mas também o emprego de táticas cada vez mais elaboradas por parte dos criminosos. As balas traçantes, por exemplo, têm se tornado uma arma comum nessa guerra de facções. Essas munições, que permitem que os atiradores vejam aonde estão disparando, tornam os confrontos ainda mais letais, aumentando a probabilidade de ferimentos e mortes entre os envolvidos e, lamentavelmente, entre os civis que acabam se tornando vítimas.
Política de segurança e falta de resposta
Apesar da gravidade da situação, a Polícia Militar do Rio de Janeiro ainda não se pronunciou sobre os recentes tiroteios. A sensação de abandono e insegurança é palpável entre os moradores, que sentem falta de uma resposta mais efetiva da autoridade pública para lidar com a violência que assola suas vidas. “Esperamos uma atitude das autoridades, mas o que vemos são tropeços e ineficiência sempre que algo assim acontece”, desabafa um morador que teme pela segurança de sua família.
A interseção de políticas de segurança pública e a realidade cotidiana dos moradores das favelas continuam a ser um tema debatido incessantemente. As autoridades têm enfrentado uma batalha difícil, tanto em termos de combate às facções criminosas quanto na implementação de práticas que assegurem a proteção dos civis.
O que são balas traçantes?
As balas traçantes, utilizadas com frequência nos mais recentes confrontos entre facções criminosas, são projetadas para iluminar o trajeto que percorrem. Em situações noturnas, isso facilita a visualização do alvo, auxiliando atiradores na coordenação de disparos. Essa técnica é similar ao uso de miras laser e possibilita uma sinergia brutal entre os criminosos, aumentando a letalidade das disputas.
Uma esperança por paz
Apesar do clima de medo e insegurança, muitos moradores ainda nutrem a esperança de que a paz possa retornar ao Morro do Fubá. Iniciativas sociais e projetos comunitários continuam a ser uma forma de resistência, mostrando que, mesmo diante da adversidade, os cidadãos se unem para buscar alternativas à violência. A vontade de viver em um ambiente seguro e pacífico é um desejo compartilhado por todos, que reflete na luta diária de cada um por uma vida digna e sem medo.
A situação no Morro do Fubá é um microcosmo das lutas enfrentadas em várias comunidades do Brasil. O impacto da violência e a luta por respeito e dignidade continuam a ser temas que precisam ser abordados com urgência e humanidade. A possibilidade de quebrar o ciclo da violência e promover a paz depende de ações coletivas tanto da população quanto do governo.