O Sudão está enfrentando uma das mais severas crises humanitárias do mundo, com 14,3 milhões de refugiados e deslocados internos, superando a situação da Síria que, até então, centralizava a atenção mundial com 13,5 milhões de pessoas. O relatório divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o “Global Trends Report”, revela dados alarmantes sobre o aumento de pessoas forçadas a abandonarem suas casas globalmente, que chega a 122 milhões, uma crise que se agrava a cada ano, influenciada por conflitos persistentes e a crise climática.
A gravidade da situação do Sudão
Os conflitos armados no Sudão, em especial, têm contribuído para essa realidade dramática. Além disso, a insegurança alimentar, exacerbada pela inação política e os cortes na ajuda humanitária, continua a forçar milhões a procurar proteção fora de suas comunidades. O relatório destaca que, ao contrário da crença popular em países desenvolvidos, 67% dos refugiados ainda permanecem em nações vizinhas, onde recebem suporte limitado, enquanto 73% dos refugiados do mundo estão em países de baixa e média renda.
Crescimento do número de deslocados
Os dados são alarmantes. No final de abril de 2025, houve um aumento de 6,3 milhões de pessoas deslocadas internamente, totalizando 73,5 milhões. Esses números refletem não apenas a complexidade dos conflitos — como os enfrentados na Ucrânia e em Mianmar —, mas também a precariedade das condições de vida em muitas regiões do mundo. Apesar das lutas por uma solução pacífica, a realidade é que muitos continuam a viver em situações extremas e vulneráveis.
Solidariedade e desafios humanitários
O Dia Mundial do Refugiado, celebrado anualmente em 20 de junho, visa reconhecer a coragem e a força dos que são forçados a fugir. Este ano, um evento em Roma, sob o tema “Um compromisso partilhado em um mundo onde a solidariedade está em crise”, reunirá políticos, representantes do setor privado e da sociedade civil em busca de soluções duradouras para a crise dos refugiados. O cardeal Fabio Baggio, subsecretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, será um dos palestrantes, ressaltando a importância da solidariedade nesse contexto difícil.
Um apelo à ação
Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para Refugiados, alertou para a necessidade urgente de buscar paz e soluções duradouras. “Vivemos em um período de intensa volatilidade nas relações internacionais, onde o sofrimento humano é bastante angustiante. Devemos redobrar os esforços para ajudar aqueles que foram forçados a deixar suas casas.” O relatório do ACNUR ressalta a necessidade de atenção urgente, pois a ajuda humanitária enfrenta cortes significativos, refletindo uma situação insustentável que deixa os refugiados ainda mais vulneráveis.
A contribuição da Itália
A Itália tem se destacado como um dos principais doadores do ACNUR, apoiando iniciativas humanitárias e de desenvolvimento em crises. Chiara Cardoletti, representante do ACNUR na Itália, enfatizou: “Quando as emergências humanitárias não são adequadamente atendidas, as consequências se espalham, não apenas aumentando o sofrimento humano, mas também gerando mais instabilidade.” Esse ciclo vicioso precisa ser urgentemente quebrado para evitar novos deslocamentos em massa e melhorar as condições de vida dos que já foram forçados a fugir.
A crise no Sudão é um alerta para o mundo sobre a realidade dos refugiados e a necessidade de ação global e solidária para enfrentar essa emergência humanitária. À medida que as condições continuam a se deteriorar, é imperativo que a comunidade internacional se una em um esforço coordenado para oferecer assistência, apoio e, acima de tudo, esperança àqueles que perderam tanto.
