O clima estava tenso na cerimônia do governo federal em Mariana (MG) nesta quinta-feira, 12 de junho. O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), não economizou palavras ao rebater os comentários feitos pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). O embate gira em torno do acordo estabelecido entre a Fundação Renova e o governo brasileiro para a compensação das vítimas do rompimento da barragem de Fundão, em 2015.
A troca de farpas entre Rui Costa e Romeu Zema
Durante a cerimônia, Rui Costa criticou o governador Zema, que teria insinuado que os governos do PT foram os responsáveis pela delegação de responsabilidades à Fundação Renova. O ministro ressaltou que a Fundação teve dificuldades em cumprir suas obrigações, levando à necessidade de um novo pacto que foi homologado no ano passado.
“Eu vi um vídeo malicioso, de má-fé e, eu posso dizer, desonesto, do governador Zema. Ao gravar vídeo, e citar essa instituição e fazer uma crítica, citou o nome de pessoas que nada têm a ver com a instituição”, afirmou Rui Costa em um evento também marcado pela presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Desvio de foco e críticas ao trabalho
Ainda em seu discurso, Rui sugeriu que Zema deveria gastar menos tempo fazendo vídeos e mais tempo trabalhando em prol do povo mineiro. “Se diminuir o tempo que o senhor gasta fazendo vídeo, falando bobagem e comendo frutas com casca, o senhor vai ter mais tempo para trabalhar e cuidar do povo de Minas”, ironizou o ministro.
As críticas de Zema à gestão de Lula não pararam por aí. Em uma entrevista à Rádio Itatiaia no dia 12 de junho, ele afirmou que o governo federal estava se apropriando de investimentos e obras de seu governo. Segundo Zema, projetos desenvolvidos pelo governo de Minas eram frequentemente apresentados pelo governo federal como se fossem de sua autoria.
“São projetos que, muitas vezes, o nosso Invest Minas, nossa Secretaria de Desenvolvimento Econômico ficam um ano, dois anos envolvidos, e, quando a empresa fala que vai anunciar, o governo federal costuma aparecer e falar que foi o pai da criança. Isso tem acontecido com frequência”, avaliou o governador.
O papel da Fundação Renova e as questões em Mariana
Zema também defendeu que o mérito da repactuação do acordo sobre Mariana deveria ser atribuído ao governo de Minas, destacando que o Acordo de Brumadinho serviu de base para a nova negociação. “A Fundação Renova, que foi constituída lá no governo do PT, não conseguiu levar nada para os afetados, para os atingidos”, afirmou.
O governador criticou a forma como a história e os feitos de sua administração estão sendo apresentados, insinuando que o governo federal tenta minimizar o papel do governo de Minas no processo de ressarcimento das vítimas da tragédia.
Repercussões políticas e sociais
O confronto verbal entre Rui Costa e Zema ressalta a tensão existente entre os governos federal e estadual, um reflexo das divisões políticas atuais no Brasil. O acordo de Mariana é um tema sensível, não apenas por seu impacto financeiro, mas também pela destruição de vidas e comunidades afetadas pelo desastre. A maneira como esses acordos são discutidos e implementados pode ter consequências diretas na vida das vítimas, que ainda esperam apoio e reparos adequados.
À medida que os desdobramentos políticos prosseguem, a população mineira se vê assistindo a uma disputa que vai além das questões partidárias. É uma luta por justiça e a busca por uma gestão que realmente priorize as necessidades dos cidadãos.
Enquanto isso, Rui Costa e Romeu Zema devem prestar atenção nas repercussões de suas palavras, pois, na política, uma declaração pode impactar não apenas as relações entre líderes, mas, mais importante, a vida daqueles que representa.
O embate entre os dois, portanto, não é apenas uma batalha por pontos políticos; é uma questão que envolve responsabilidade, memória e compromisso com uma história marcada pela tragédia.