Brasil, 13 de junho de 2025
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Pedido de cassação de vereador por transfobia revolta a Câmara de SP

A vereadora Amanda Paschoal solicita a cassação de Lucas Pavanato por discurso discriminatório contra a comunidade trans.

A recente sessão da Câmara Municipal de São Paulo se tornou um campo de batalha de discursos sobre direitos e respeito. A vereadora Amanda Paschoal, do PSOL, protocolou um pedido de cassação contra o vereador Lucas Pavanato, do PL, por quebra de decoro parlamentar. O motivo? Pavanato fez declarações transfóbicas durante uma sessão, afirmando que Paschoal, uma mulher trans, era “biologicamente homem”. A solicitação de Paschoal está programada para ser votada no dia 26 deste mês.

A gravidade das declarações

O caso teve início no dia 6 de fevereiro, quando Pavanato utilizou a tribuna da Câmara para reiterar sua visão sobre questões de gênero. Durante seu discurso, ele disse: “As diferenças biológicas são significativas, então eu tenho o direito, enquanto cidadão, de afirmar que uma transsexual… biologicamente continua sendo homem.” Essas falas não apenas ofenderam Paschoal, como também levantaram um debate acalorado sobre a legitimidade das identidades de gênero e a necessidade de inclusividade nas políticas públicas.

O pedido de cassação e suas implicações

Na representação feita à Corregedoria da Câmara, Paschoal argumenta que a retórica utilizada por Pavanato não é um caso isolado, mas parte de uma “perseguição sistemática” que agrava a marginalização da comunidade trans. A vereadora destaca que o discurso do vereador tem um caráter discriminatório e criminoso. “O conteúdo de seus discursos visa violentar e restringir direitos das pessoas trans e travestis”, diz o pedido. Ela menciona ainda que a campanha de Pavanato incluiu o combate ao uso de banheiros de acordo com a identidade de gênero, o que fortalece a argumentação de que suas ações têm um impacto mais amplo que apenas palavras.

A posição da Corregedoria e reações políticas

A Corregedoria da Câmara é presidida pelo vereador Rubinho Nunes, do União Brasil, que também foi parte do Movimento Brasil Livre (MBL) e já teve o próprio mandato cassado. Nunes se manifestou sobre o caso, afirmando que não entende que as falas de Pavanato quebrem o decoro parlamentar: “A discussão se deu no âmbito do debate em plenário, tutelado pela liberdade de expressão e pela imunidade parlamentar”, disse ele. Essa posição ilustra a divisão existente entre os parlamentares em relação a questões de identidade de gênero e direitos humanos, evidenciando o quanto essas discussões são delicadas e polarizadoras.

Defesa de Pavanato e a necessidade de diálogo

Lucas Pavanato, por sua vez, reafirmou suas declarações, alegando que não estava ofendendo Paschoal, mas simplesmente expressando “uma verdade objetiva dos fatos”. Ele afirma que tem o direito de se manifestar, inclusive em função da imunidade parlamentar: “Se nem mesmo no exercício de um mandato parlamentar, com imunidade de fala, for possível afirmar de forma respeitosa uma verdade biológica, em qual esfera da sociedade as pessoas poderão expressar sua opinião?”, questiona. Essa defesa ressalta a complexidade do debate sobre liberdade de expressão, discriminação e respeito às identidades.

O impacto na comunidade trans

A situação expõe não apenas um conflito político, mas também os desafios enfrentados pela comunidade trans em um cenário onde discursos discriminatórios ainda podem encontrar eco em espaços oficiais. A representação de Paschoal e a resposta de Pavanato são apenas a ponta do iceberg de um debate muito mais profundo sobre aceitação, respeito e direitos iguais. A decisão da Corregedoria e as repercussões no Legislativo podem influenciar o futuro das políticas destinadas à população LGBTQIA+ em São Paulo e além.

Enquanto a cidade se prepara para discutir esse importante pedido de cassação, fica a expectativa sobre como esse caso influenciará a dinâmica política e social nas futuras interações entre os representantes e suas comunidades.

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