O líder do renovamento carismático católico afirmou que espera uma relação harmoniosa com o Papa Leo XIV, após um histórico de experiências mistas com o Papa Francisco, cujo esforço de centralizar o movimento no Vaticano despertou preocupações entre alguns membros.
Expectativas de apoio ao movimento carismático
Shayne Bennett, diretor de missão e formação na fé no Seminário Espírito Santo em Brisbane, Austrália, afirmou que acredita no respaldo do novo pontífice ao movimento. “Acredito que o Papa Leo será bastante favorável à renovação carismática e a outros movimentos leigos”, declarou Bennett, que participou da reunião do Serviço Internacional do Renovamento Carismático (CHARIS), realizada de 9 a 12 de junho em Roma.
Segundo Bennett, Leo XIV, que foi bispo na diocese peruana antes de sua eleição, apoiou a renovação nos seus anos como líder regional. “O que sabemos dele é que apoiou o movimento em sua diocese no Peru”, destacou.
Contexto do relacionamento com o Vaticano
O Papa Francisco nunca mostrou apoio explícito às manifestações carismáticas na Argentina natal. Em uma audiência privada de 2024, o pontífice chegou a comparar o movimento a “uma escola de samba, e não a um movimento eclesial”, relembrou Bennett. Nessa ocasião, ele incentivou o papel do CHARIS como uma organização coordenadora global e pediu que os membros do movimento seguissem suas orientações para fortalecer a comunhão na Igreja.
Nem todos os carismáticos acolheram positivamente a tentativa de controle do Papa Francisco, que estabeleceu três metas para o movimento na sua posse do CHARIS em 2019: o batismo no Espírito Santo, a unidade e a comunhão, e o serviço aos pobres.
Continuidade de apoio ao movimento carismático
Bennett reforçou que, apesar de diferenças, Francisco sempre incentivou o renovamento carismático, assim como fizeram seus predecessores, Papa Bento XVI e João Paulo II. “Desde o início do seu papado, a esperança de que o movimento possa colaborar para uma Igreja mais participativa sempre esteve presente”, afirmou.
Histórico de respaldo oficial à renovação
O primeiro apoio formal veio de Paulo VI, ao nomear o cardeal Léon Joseph Suenens como delegado e conselheiro eclesiástico para os carismáticos em 1974. Na encíclica Evangelii Nuntiandi, de 1975, o papa destacou que os grupos menores do movimento representavam “uma esperança para a Igreja universal”.
Bennett destacou a visão de que o movimento representa uma esperança no contexto da “nova evangelização”, ideais de João Paulo II e dos papas seguintes, sustentados por bispos na África Oriental e Ocidental. “A continuidade de apoio é clara, e acredito que continuará”, afirmou o líder do movimento carismático.
Próximos passos para o movimento
De acordo com Bennett, o Vaticano planeja publicar nas próximas semanas uma resolução oficial detalhando o papel do movimento no futuro, com expectativa de que as atividades do CHARIS se intensifiquem nos próximos anos, fortalecendo a participação dos leigos na missão da Igreja.