Brasil, 13 de junho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

O que as pessoas têm entendido errado sobre o julgamento de Diddy, segundo especialista em violência doméstica

Com o julgamento federal do rapper Sean “Diddy” Combs envolvendo acusações de crimes graves, especialistas alertam sobre interpretações equivocadas que circulam nas redes sociais. Para entender melhor essas questões, conversamos com a psicóloga e professora Shanita Brown, que trabalha na área de violência por parceiro íntimo.

Desmistificando o consentimento na violência sexual

Uma das principais confusões é a ideia de que o consentimento dado anteriormente vale para todas as interações seguintes. Shanita Brown explica: “Consentimento é válido a cada novo momento, e é necessário perguntar, ‘Posso continuar?’, ‘Você está confortável?’, ‘Quer parar?'”, ressaltando a importância do diálogo durante a relação.

O equívoco de que quem apanha simplesmente sai

Muitos acreditam que, se a relação fosse realmente abusiva, a vítima logo teria deixado o parceiro. Para Shanita, essa visão não condiz com a realidade: “Leva, em média, sete tentativas para a sobrevivente conseguir sair de uma relação abusiva, por causa do vínculo traumático. A relação com o agressor muitas vezes é uma espécie de dependência, que confunde o cérebro, através de estratégias como o love bombing e o ciclo de agressões.”

Reconhecendo as vítimas coerçadas

Ela também comenta que muitas pessoas subestimam o medo das vítimas, como no caso de Cassie, que foi alvo de coerção. “Ela foi coagida e viveu sob constante ameaça, o que impede que ela simplesmente deixe a relação.” Shanita reforça a necessidade de compreender o contexto psicológico dessas sobreviventes.

Impacto das coberturas midiáticas nos sobreviventes

Shanita destaca que a atenção dada ao julgamento pode reabrir feridas, especialmente em mulheres negras que já tiveram experiências de trauma. “As notícias reativam o PTSD e podem causar flashbacks, além de expor muitas delas à dúvida e ao descrédito social.” Ela aconselha os profissionais a orientar suas clientes a evitarem comentários insensíveis e a preservarem sua saúde mental.

Violência não se resume ao físico

A especialista reforça que abusos emocionais, manipulações e coerções também têm efeitos devastadores. “Muita gente pergunta se a vítima está sendo agredida fisicamente, mas o dano psicológico e manipulação são igualmente graves. Abuse é abuso, independentemente do formato.”

Por que as vítimas demoram a relatar

Outro equívoco comum é pensar que o atraso na denúncia indica que a agressão não aconteceu. Shanita explica: “O medo, a vergonha e o trauma fazem com que muitas vítimas demorem a falar. Assim como Mia, antiga assistente de Diddy, que relatou que se manteve silenciada por estar aterrorizada e manipulada.”

A validação de vítimas masculinas é fundamental

Ela também aponta que as opiniões que minimizam o impacto de vítimas masculinas de abuso estão erradas. “Homens podem ser vítimas e merecem o mesmo respeito. É uma narrativa que precisa mudar, para que todos tenham suas experiências reconhecidas.”

Ao falar sobre o caso de Diddy, Shanita Brown destaca a importância de compreender a complexidade do abuso e de apoiar as vítimas, sem julgamentos ou estigmas. “O objetivo é que elas possam se libertar, falar e receber o apoio necessário.” Para quem está em risco, ela reforça: acione o 911 ou os serviços de apoio, como a Central Nacional de Violência Doméstica ou o Disque 100.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes