Brasil, 13 de junho de 2025
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Mineira é desmentida pela Nasa após se declarar astronauta

Jovem de Minas Gerais alega ter sido escolhida para voo espacial, mas agência americana nega vínculos com ela.

Na última semana, a história da jovem mineira Laysa Peixoto, de 22 anos, ganhou atenção nas redes sociais ao afirmar que havia sido selecionada para fazer parte do voo inaugural da Titans Space, uma empresa do setor aeroespacial privado. A jovem viralizou após declarar que se tornaria “astronauta de carreira” e que havia concluído um treinamento na Nasa em 2022. No entanto, essa narrativa foi rapidamente desmentida pela própria agência espacial.

A verdade por trás da história

Aos poucos, verificações começaram a surgir. Pedro Pallotta, do canal de YouTube Space Orbit, revelou que Laysa não havia terminado seu curso de física na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo Pallotta, a jovem foi desligada da instituição após não se matricular para o segundo semestre de 2023. “Identificamos uma série de inverdades na história dela”, afirmou. “Decidimos interromper nossa linha editorial para tratar desse assunto, pois é um desrespeito à ciência.”

As alegações de Laysa sobre ter feito cursos de astronauta foram desmascaradas, sendo constatado que tais cursos não conferem valor profissional, mas sim são voltados para divulgação científica. Um dos programas mencionados, o U.S. Space & Rocket Center, custa cerca de R$ 6.000 e oferece uma experiência de imersão para jovens interessados no espaço, mas não resulta em formação profissional válida.

Um discurso exagerado

Além das inconsistências em suas declarações, Laysa também fez afirmações sobre sua formação em física teórica e computação quântica, além de indicar que teria recebido uma Medalha de Honra da Nasa pela descoberta de um asteroide em 2021. Entretanto, durante a campanha “Caça Asteroides” da agência americana, a única informação verificada sobre ela é, de fato, que contribuiu para a identificação de um asteroide, mas não há evidências de que tenha recebido quaisquer honras.

Pallotta acrescenta que a jovem estava tentando se posicionar como uma representante da comunidade científica, o que cria uma falsa imagem sobre a realidade do trabalho no campo da ciência. “Ela desmerece o esforço de tantas pessoas que verdadeiramente se dedicam a tornar a ciência mais acessível,” ele lamentou. “Criou uma falsa esperança ao afirmar que teríamos uma astronauta brasileira na Nasa.”

Nasa se pronuncia

A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) confirmou ao portal Metrópoles que Laysa não possui vínculo algum com a instituição. “Esta pessoa não é funcionária da Nasa, pesquisadora principal ou candidata a astronauta. O Programa L’Space é um workshop para estudantes – não é um estágio ou emprego na Nasa,” declarou um representante da agência. “É impróprio alegar qualquer afiliação à Nasa como parte dessa oportunidade.”

Os investigadores do canal Space Orbit também analisaram os projetos que Laysa afirmou estar liderando ou participando, como o MADSS (Mars Adaptive Support System) e AquaMoon. A ausência de menções a esses projetos em fontes oficiais da Nasa levanta suspeitas sobre a veracidade de suas alegações. A afirmação de que estava envolvida em um experimento de gravidade zero planejado para 2024 também não pôde ser confirmada.

Consequências e reflexões

O episódio gerou várias discussões sobre a ética e a responsabilidade ao tratar de informações sobre ciência e tecnologia. Muitos especialistas consideram que a divulgação de informações falsas pode causar danos diretos à percepção pública sobre a ciência e inspirar desconfiança nas instituições. A história de Laysa Peixoto se torna um alerta sobre a importância da verificação de fatos antes de compartilhar histórias impactantes nas redes sociais.

A reportagem tentou entrar em contato com Laysa Peixoto para uma manifestação, porém, até o fechamento deste artigo, não obteve resposta. O espaço segue aberto para comentários e esclarecimentos.

Este episódio, que ganhou notoriedade pelas redes sociais, reafirma a importância da transparência e do rigor na comunicação das realizações científicas, bem como a necessidade de educar o público a ser crítico e cuidadoso com as informações que consome e compartilha.

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