Maria Zilda Bethlem Bastos, uma das mais notáveis atrizes da teledramaturgia brasileira com uma carreira que se estende por mais de quatro décadas, está travando uma intensa batalha jurídica contra a Rede Globo. Desde 2024, a atriz, que já atuou em diversas novelas de sucesso, questiona os valores financeiros que a emissora repassa por reprises e vendas das produções nas quais participou. Esta ação marca um momento significativo no debate sobre os direitos autorais e a remuneração dos artistas no Brasil.
A batalha de Maria Zilda com a Globo
A atriz María Zilda, de 73 anos, é a primeira artista a processar a Globo sobre a questão dos repasses financeiros relacionados a suas obras. Em um comunicado, a atriz declarou que a emissora se utiliza de “contratos antigos para perpetuar uma lógica de apropriação indébita”. Ela argumenta que a Globo se apossou de seus sucessos passados e continua a lucrar com eles sem uma contrapartida justa.

No centro da disputa, a Globo argumenta que nos contratos assinados pela atriz estavam devidamente mencionadas as vendas e reprises das novelas. A emissora anexou ao processo recibos de pagamentos que somam R$ 218 mil entre 2018 e 2024 por reexibições durante esse período. Contudo, Maria Zilda discorda dessa interpretação, considerando que nunca recebeu uma compensação proporcional ao impacto e à importância de seu trabalho.
As acusações de má-fé
Em sua defesa, a Globo acusou Maria Zilda de tentar “enriquecer ilicitamente” com seu processo. A emissora, conforme publicado na coluna “Outro Canal” do jornal “Folha de S.Paulo”, afirma que as alegações da atriz beiram a má-fé, refutando a ideia de que suas obras tenham sido “ilicitamente licenciadas a terceiros”.
O impacto nas relações entre artistas e emissoras
A situação de Maria Zilda traz à tona uma questão relevante no entretenimento brasileiro: a relação entre artistas e emissoras de televisão. Com o crescimento das plataformas de streaming, o debate sobre direitos autorais e remuneração de artistas se intensificou. Muitas celebridades têm se levantado contra o que consideram práticas injustas envolvendo o uso de suas imagens e trabalhos sem compensação adequada. A luta de Maria Zilda pode abrir um precedente importante para outros artistas enfrentarem questões similares.

A trajetória da artista
Naturais do Rio de Janeiro, Maria Zilda nasceu em 20 de outubro de 1951. Sua carreira começou nos anos 70, no teatro, mas ganhou notoriedade na televisão em 1975, com a novela “Escalada”. Muitos de seus papéis a tornaram uma figura querida do público, incluindo “Água Viva”, “Coração Alado” e “Vereda Tropical”. Ela também teve participações de destaque em programas de humor e novelas de sucesso, como “Ti Ti Ti” e “Caras e Bocas”.

A última novela em que participou na Globo foi “Êta Mundo Bom”, exibida em 2016, mas desde então, Maria Zilda continuou a atuar em produções para canais por assinatura, mostrando que sua carreira é longeva e diversificada.
Conclusão
A disputa de Maria Zilda Bethlem com a Rede Globo é um reflexo das tensões crescentes entre artistas e as grandes emissoras no Brasil. Este caso pode abrir diálogos críticos sobre como os artistas são remunerados por seus trabalhos em um mundo em constante evolução na mídia. A história da atriz demonstra a importância da luta pelos direitos dos criadores e a necessidade de revisitar acordos contratuais que podem não refletir mais a realidade do mercado atual.

Esse processo judicial não é apenas sobre valores monetários; é uma manifestação de um sistema que precisa ser reavaliado para garantir que os direitos dos artistas sejam protegidos e respeitados. A luta de Maria Zilda pode se tornar uma bandeira em defesa de gerações de artistas que passaram pelas mesmas dificuldades.