Durante uma agenda em Minas Gerais nesta quinta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poupou críticas ao depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), onde ele foi avaliado por sua participação na tentativa de golpe de estado do ano passado. Lula chamou Bolsonaro de “covardão”, insinuando que ele estava visivelmente nervoso durante o depoimento.
A crítica direta a Bolsonaro
Em suas declarações, Lula não escondeu seu desdém pelo modo como Bolsonaro se comportou diante da Justiça. Segundo ele, “você vê que ele é um covardão, viu o depoimento dele, estava com os lábios secos, estava quase se borrando”. Essa fala reflete a tensão política que vem crescendo, especialmente após o julgamento recente. O presidente também contrastou a postura de Bolsonaro, que ele acusa de ser audacioso em redes sociais, mas covarde quando necessário.
Crítica ao uso de dispositivos móveis na política
Lula aproveitou a oportunidade para criticar deputados que se utilizam de celulares para insultar e desinformar. Ao se referir a Nikolas Ferreira (PL-MG), o presidente expressou sua frustração com a banalização da atividade política através de uma comunicação superficial e irresponsável. “Não é possível que pessoas não percebam a diferença entre um governo que trabalha e um governo que fica no celular falando bobagens”, enfatizou ele.
Clima de tensão na Câmara dos Deputados
Além de criticar Bolsonaro, Lula fez questão de mencionar que o clima na Câmara dos Deputados está “muito ruim”. Isso se deu logo após um incidente de tensão entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o deputado Nikolas Ferreira, que provocou uma discussão acalorada durante uma audiência pública. “Estamos vivendo um momento muito desagradável no mundo, há certa raiva no ar”, destacou Lula, ressaltando que a política deveria ser um espaço para debate e não para ataques pessoais.
A defesa do prefeito de Mariana e o anúncio de investimentos
Ao longo do dia, Lula também realizou um evento de anúncio de investimentos aconchegante à região da Bacia do Rio Doce, onde defendeu o prefeito de Mariana, Juliano Duarte, de vaias proferidas pela população. Ele exortou que “ninguém convida ninguém para ser mal recebido” e pediu respeito ao prefeito, que estava sendo criticado em um momento sensível, relembrando os danos causados pela tragédia ambiental de 2015.
A confrontação de Lula com a multidão durante o evento ressalta como a política local pode ser fortemente impactada por eventos passados e por questões não resolvidas. O prefeito enfatizou a importância do momento, afirmando que Mariana deseja ser lembrada por suas iniciativas de reconstrução, e não pelos danos ambientais.
As consequências da tragédia em Mariana
O presidente Lula também abordou as reparações ligadas ao desastre de Mariana, criticando a Vale e destacando que a responsabilidade pelas reparações agora também cabe ao governo federal. “Nós não temos mais desculpa, agora as coisas têm que acontecer”, afirmou. A empresa, que foi responsabilizada pela tragédia, ainda enfrenta críticas por não haver cumprido as obrigações de reparação adequadamente.
O novo acordo de reparação que abrange a tragédia oferece um importante gesto, mas ainda existem discordâncias sobre seus termos. Não obstante, a audiência de Lula em Mariana foi marcada por um desejo de recuperação e diálogo, criando um ímpeto para que ações concretas possam ser tomadas, particularmente em áreas afetadas pelo desastre.
Conclusão
O dia de Lula em Minas foi um retrato das tensões políticas e sociais que o Brasil enfrenta atualmente. Suas críticas pontuais a Bolsonaro e a outros deputados acionaram um debate mais amplo sobre a moralidade e a eficácia da política nacional. No entanto, seu envolvimento em questões locais e a busca por reparações e recuperação na Bacia do Rio Doce sinalizam um esforço para começar a curar as feridas que ainda persistem após a tragédia de Mariana.