A situação em torno do vereador Vini Oliveira, do Cidadania, tem gerado debates e polêmica na Câmara Municipal de Campinas (SP). Uma Comissão Processante (CP) foi instaurada para apurar se o parlamentar cometeu infrações político-administrativas durante uma vistoria realizada no Hospital Mário Gatti. Na última quinta-feira, dia 12, a CP ouviu a médica Daiane Copercini e outras três testemunhas sobre o ocorrido.
A Comissão Processante e suas implicações
A Comissão, criada em abril, está explorando as atitudes e condutas de Vini Oliveira, especificamente em relação à visita ao hospital. Daiane Copercini, a médica responsável por solicitar a abertura da CP, apresentou sua versão dos acontecimentos. Segundo ela, durante a vistoria, Oliveira acessou consultórios e prontuários médicos, expõe informações sensíveis e violou a Lei Geral de Proteção de Dados, além de comprometer a privacidade dos pacientes.
Daiane relatou: “Ele acessou prontuários, acessou fichas médicas, o que é contra a Lei Geral de Proteção de Dados e a quebra do sigilo médico”. Com um semblante de indignação, a médica enfatizou que sua denúncia se baseou no respeito à ética e à privacidade no atendimento de saúde.
Depoimentos revelam a gravidade da situação
Os depoimentos coletados pela comissão revelaram outras preocupações além da quebra de sigilo. A médica destacou que a conduta de Oliveira atrapalhou o fluxo de atendimento no hospital. “Havia riscos de pacientes serem expostos desnecessariamente”, afirmou, sustentando que a presença do vereador e sua forma de abordagem criaram um ambiente conflituoso.
As testemunhas, incluindo enfermeiros e outros médicos, corroboraram as alegações. A enfermeira Adriana Leal dos Santos definiu a conduta de Oliveira como “não adequada”, sugerindo que o vereador deveria ter abordado a gestão do hospital de forma mais respeitosa. “Ele poderia chamar, entrar e falar com a coordenação”, completou.
Implicações na saúde pública
A situação, conforme relatada pelas testemunhas, impactou diretamente a dinâmica da unidade hospitalar. O médico Raphael Henrique Eloy Silva afirmou que, após a visita de Vini Oliveira, a percepção dos pacientes mudou, levando a uma inflamação generalizada durante os atendimentos, criando um cenário de desconfiança e tensão.
Diante de todas as acusações, a defesa de Vini Oliveira tentou solicitar a exclusão de determinados depoimentos, alegando suspeição em uma das testemunhas, mas a comissão decidiu pela manutenção da oitiva. A próxima sessão de depoimentos está marcada para o dia 17 de junho, quando Oliveira e outras quatro testemunhas de defesa, incluindo assessores, serão ouvidos.
Próximos passos na investigação
A Comissão Processante tem um prazo de 90 dias para concluir a investigação e entregar um relatório que pode recomendar a arquivamento do processo ou a cassação do mandato de Vini Oliveira. Os vereadores têm a responsabilidade de analisar e votar, sendo necessário que dois terços dos 33 vereadores aprovem a cassação para que esta se torne efetiva.
A CP tem se mostrado um espaço de debate crucial em Campinas, envolvendo aspectos éticos não apenas de um vereador, mas questionando como as ações de um legislador podem impactar a vida da população. Com a continuidade dos trabalhos, a expectativa é que a verdade sobre os fatos venha à tona e que as decisões sejam tomadas com base na ética e na transparência.