A movimentação no varejo brasileiro em abril evidenciou uma desaceleração, marcada pela inflação de alimentos que pressionou o orçamento familiar e reduziu o volume de compras, especialmente em hipermercados. Apesar de um início de ano com crescimento de 2,1% no varejo, a maior retração ocorreu em segmentos dependentes de crédito, como veículos, materiais de construção e computadores, diante das taxas de juros elevadas, ressalta a economista Juliana.
Perspectivas sobre a inflação e o consumo no Brasil
Juliana explica que, em comparação com março, que registrou um número recorde, a queda em abril foi modesta, o que indica um quadro de estabilização — embora ainda distante de uma recuperação sólida. “O dado de abril demonstra equilíbrio, com setores até crescendo, mas sua relevância é limitada”, afirma. Ela destaca que a política monetária contracionista deve continuar a desacelerar o ritmo de crescimento econômico, com o comércio sendo o principal setor afetado.
Impacto da taxa de juros na perspectiva do varejo
Segundo o economista Luís Otávio Leal, da G5 Partners, apesar de o varejo total continuar crescendo 2,1% no ano, os resultados dos segmentos que dependem de crédito e renda tiveram desempenho mais fraco do que o esperado. “A surpresa negativa não deve se estender a todos os meses, mas reflete uma tendência de desaceleração até o final do segundo semestre”, analisa. Leal acrescenta que o varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, apresentou resultado negativo de 0,9% no segundo trimestre, mas mantém previsão de expansão de 0,4% do PIB neste período.
Ele destaca ainda que, apesar do contexto negativo, a trajetória do consumo deve mostrar sinais de estabilização, com possíveis melhorias diante de um cenário de juros mais baixos no horizonte. Entretanto, a elevada taxa de juros atual dificultará uma recuperação rápida, como avalia o especialista.
Expectativas para o futuro do comércio e da economia
Especialistas indicam que a desaceleração da economia tende a continuar até que os juros comecem a ceder de forma mais significativa, facilitando o acesso ao crédito e impulsionando as vendas. A recuperação do setor dependerá da inflação controlada e de uma política monetária mais flexível, além de fatores externos que possam influenciar o ritmo de crescimento econômico do Brasil.
Mais detalhes sobre o cenário econômico e as projeções para os próximos meses podem ser acompanhados na análise completa do Blog da Miriam Leitão.