Brasil, 13 de junho de 2025
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Ex-chefes militares confirmam detalhes sobre acusação de golpismo

Ex-comandantes da Marinha e do Exército participaram de interrogatório no STF, abordando reuniões com Jair Bolsonaro após as eleições de 2022.

Nesta semana, dois ex-comandantes militares, o almirante Almir Garnier e o general Paulo Sérgio Oliveira, foram ouvidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ambos confirmaram detalhes importantes sobre encontros em que medidas que sugeriam um golpe de estado foram discutidas, embora neguem ter cometido os crimes de que são acusados.

A reunião que levantou suspeitas

Os depoimentos do almirante Garnier e do general Oliveira fizeram ecoar informações já coletadas pela Procuradoria-Geral da República, que investiga os acontecimentos que se desenrolaram após a derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022. Um dos pontos cruciais mencionados pelos ex-comandantes foi uma reunião realizada no Palácio da Alvorada em 7 de dezembro de 2022, na qual Bolsonaro apresentou suas preocupações em relação ao resultado eleitoral e considerou a possibilidade de convocar as Forças Armadas para garantir a ordem no país.

O almirante confirmou que, durante esse encontro, uma apresentação foi feita, mostrando um documento que discorria sobre a situação política e judicial do Brasil, o que incluiu considerações sobre o desempenho do processo eleitoral. A narrativa revela um estado de insatisfação da presidência com os resultados, o que levou à discussão de alternativas que poderiam incluir a mobilização de tropas.

Contradições e confirmações

Ainda que neguem ter apoiado ou planejado um golpe, os depoimentos de Garnier e Oliveira coincidiram em diversos pontos com os de outros generais que já deram seus testemunhos anteriormente, como o general Marco Antonio Freire Gomes e o brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior. Essa similaridade nas narrativas levanta questionamentos sobre a veracidade das alegações de que não houve intenção de desestabilização no funcionamento democrático do país.

Oliveira, em seu relato, expressou sua preocupação em relação à gravidade das medidas que estavam em discussão. Durante uma conversa após a reunião, ele teria alertado Bolsonaro acerca das consequências que poderiam ocorrer caso as referidas medidas fossem levadas adiante. Tais advertências se aproximam bastante das que o general Freire Gomes fez, evidenciando um padrão nas reações dos oficiais quando confrontados com as ideias de Bolsonaro.

As admissões de Bolsonaro

Jair Bolsonaro, durante seu próprio interrogatório, também confirmou a convocação dos militares após sua derrota eleitoral, indicando uma clara busca por apoio em suas tentativas de contestar o resultado das eleições. Ele insistiu que todas as medidas cogitadas estariam dentro dos limites constitucionais, porém, o teor do documento apresentado aos oficiais sugere o contrário. Nele, Bolsonaro não apenas apresenta suas frustrações com o processo eleitoral, mas também propõe ações que incluem a declaração de estado de sítio—um recurso que é previsto em situações específicas de grave perturbação da ordem pública, mas que claramente não se aplica a um resultado eleitoral contestado.

Implicações e desdobramentos

As afirmações do brigadeiro Baptista Junior sobre a disponibilização de tropas e as controvérsias sobre o apoio ou não às medidas emergenciais, expõem um cenário complicado. O ex-comandante Garnier negou haver expresso apoio a tais medidas de exceção, mas a dinâmica entre os militares e o ex-presidente sugere que havia uma atmosfera de tensão e indecisão entre as lideranças militares sobre como reagir perante as solicitações de Bolsonaro.

A agora se desenha uma expectativa na opinião pública e nos instantes do STF para ver como o tribunal irá navegar por essas complexas interações e o que essas revelações significarão para os futuros desdobramentos do caso. A integridade das instituições democráticas e a legalidade dos atos de um ex-presidente estão agora em análise, à medida que os ministros do STF devem decidir se existem elementos suficientes para aplicar penalidades apropriadas a Garnier e outros envolvidos.

Com o esperança da manutenção da ordem e da democracia, o Brasil aguarda por decisões que podem moldar o seu futuro político e institucional.

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