Brasil, 13 de junho de 2025
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Depoimentos reforçam acusações no processo sobre trama golpista

Processo apura envolvimento de Jair Bolsonaro e aliados em articulações para manter poder após derrota.

O processo que investiga a atuação do que foi chamado de “núcleo crucial” da trama golpista tem avançado com os depoimentos de oito réus e 52 testemunhas. Essas declarações têm ampliado as evidências sobre uma suposta articulação do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados para tentar permanecer no poder após a derrota eleitoral de 2022. No entanto, os depoimentos também revelaram uma série de lacunas e contradições entre as versões apresentadas pelos acusados, deixando em aberto questões importantes que ainda precisam de esclarecimento.

A visão do STF e da PGR sobre os depoimentos

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e membros da Procuradoria-Geral da República (PGR) expressaram que a fase de interrogatórios não modificou significativamente a situação jurídica dos réus, especialmente de Bolsonaro e do ex-ministro Braga Netto. Este último se encontra em prisão preventiva, sob a suspeita de obstrução de Justiça, por ter supostamente buscado informações sobre uma delação do tenente-coronel Mauro Cid.

Aspectos cruciais dos depoimentos incluem a confirmação de que Bolsonaro recebeu, leu e fez alterações em uma minuta golpista. O conteúdo desse documento, que contemplava a prisão de autoridades e a declaração de estado de sítio, é um dos principais focos da acusação e, segundo a PGR, estava destinado a garantir que Bolsonaro permanecesse na Presidência mesmo após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.

Contradições entre os depoimentos

Diversas testemunhas, incluindo o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, corroboraram a afirmação de que integrantes do governo anterior discutiram uma saída ilegal para não deixar o poder. No entanto, outros membros do governo contestaram essas alegações, incluindo o próprio Bolsonaro, que reconheceu ter realizado uma reunião com o então ministro da Defesa e outros comandantes militares, mas negou a apresentação de uma minuta formal.

Em seu depoimento, Bolsonaro tentou minimizar as conversas, dizendo que eram informais e tratavam de hipóteses que eventualmente foram descartadas. No entanto, os relatos de outros testemunhas apontaram para uma dinâmica muito mais preocupante, com sugestões de que um plano concreto estava em discussão.

Cid, por sua vez, reitera que recebeu uma quantia em dinheiro de Braga Netto, supostamente destinada a financiar o plano golpista, mas cuja origem não foi esclarecida. Braga Netto, em contraposição, negou todas as acusações e afirmou que não teve contato com empresários.

Questões ainda sem respostas

Além das contradições, o processo deixou questões sem resposta, como a relação entre os supostos pagamentos e a origem dos recursos. O tenente-coronel Cid declarou que recebeu valores de um “pessoal do agronegócio”, mas não apresentou nomes específicos, o que gerou ainda mais incertezas. Já Braga Netto refutou qualquer envolvimento, negando ter dado dinheiro a Cid e alegando que “não tinha contato com empresários.”

Relacionamentos e acusações dentro do processo

A PF alega que houve um encontro onde um planejamento para ações das Forças Especiais foi discutido, mas novamente surgem versões conflitantes sobre a natureza desse encontro. Cid afirmou ter deixado a reunião para evitar associações diretas com o presidente, enquanto Braga Netto sustentou que desconhecia os militares que participaram do encontro, considerando-o como uma visita casual.

Os depoimentos ainda trouxeram novos elementos à tona, como a suspeita de que Cid teria utilizado uma conta no Instagram para discutir partes de sua delação, o que poderia comprometer o acordo. No entanto, ele negou essa possibilidade, afirmando que seus dispositivos tinham sido apreendidos pela PF.

O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, poderá requerer novas diligências para investigar as alegações em torno do perfil no Instagram e outros pontos ainda nebulosos no processo. Essa continuidade nas investigações é vital para esclarecer um caso que já envolve um complexo emaranhado de informações e acusações.

Com as interrogações ainda pairando sobre o caso, o desenrolar das próximas etapas do processo continuará a ser alvo de análise pelo STF e pela opinião pública, dado o impacto significativo que esses eventos têm sobre a democracia brasileira.

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