A saúde pública enfrenta um desafio alarmante na região de Sorocaba, SP, com pacientes esperando por cirurgias de coluna e neuro-ortopedia por períodos alarmantes. O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) iniciou uma investigação sobre a demora na realização desses procedimentos, destacando a crescente demanda e a insuficiência no número de cirurgias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Início da investigação
O inquérito foi deflagrado em dezembro de 2024, mas as origens da investigação remontam a maio de 2023, quando uma denúncia anônima levantou preocupações sobre a morosidade na realização das cirurgias. A investigação se concentra no novo hospital regional Adib Jatene e no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), que enfrentam uma demanda crescente por procedimentos cirúrgicos.
Os dados são alarmantes: cerca de 632 pacientes estavam na fila apenas para cirurgia ortocóndal em maio de 2023. Esse número não só se manteve, como cresceu de maneira preocupante nos meses seguintes, atingindo 674 pacientes em junho de 2024. O agravante da situação é a espera de pacientes que aguardam por cirurgias desde 2019, aumentando para uma média de espera de mais de cinco anos para muitos.
Impacto na vida dos pacientes
Entre os muitos pacientes que aguardam atendimento está Dercilio Pereira, um desempregado que, após cinco anos de espera, vê agravar sua condição de saúde. “Para mim andar, só com bengala e muleta”, desabafa, demonstrando a dor e o sofrimento que tem enfrentado. A situação de Dercilio não é única; muitos outros relatam o impacto significativo na sua qualidade de vida, com limitações severas em suas atividades diárias.
Inadequação das estruturas hospitalares
A falta de ações efetivas para lidar com essa situação crítica levanta ainda mais preocupações. Durante uma visita ao hospital Adib Jatene, a promotora Cristina Palma constatou que existem alas desativadas e capacidade de ampliação disponível que não estão sendo utilizadas. O hospital poderia aumentar significativamente sua oferta de leitos, especialmente leitos de UTI, mas ainda assim, o número de cirurgias realizadas permanece insatisfatório.
Soluções propostas pelo estado
Em resposta à investigação do MP, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) mencionou o lançamento de um mutirão de cirurgias ortopédicas, iniciando em abril e com previsão de término em setembro, com a meta de realizar mais de 4 mil procedimentos. No entanto, especialistas apontam que essa iniciativa é insuficiente para atender a demanda acumulada e que as filas continuam a crescer. O promotor Thiago Ramos enfatiza que a situação é crítica, com apenas um terço dos pacientes que se inscrevem para cirurgia sendo atendidos dentro do mesmo período.
Perspectivas futuras
Embora o estado tenha se comprometido a resolver a situação, ações concretas ainda estão em falta. A atual oferta de apenas seis cirurgias a cada seis meses é considerada tímida diante do número crescente de pacientes na fila, que já ultrapassa mil. A pressão sobre o MP e a necessidade de atuação judicial podem ser inevitáveis se soluções mais efetivas não forem apresentadas.
Pacientes e sociedade civil esperam por uma resposta efetiva para essa crise na saúde pública. A investigação do MP busca promover mudanças significativas e garantir que o direito à saúde e ao tratamento adequado seja garantido a todos os cidadãos que dependem do SUS em Sorocaba e na região.
Para mais informações, acesse G1 Sorocaba.
