No último dia 12, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a comissão de atletas da Agência Mundial Antidopagem (Wada) publicaram uma carta aberta repleta de críticas aos chamados Enhanced Games, ou Jogos Aprimorados. Este evento, que pretende reunir atletas e ex-atletas olímpicos em competições, é controverso por permitir o uso de substâncias proibidas, ou seja, doping. O tom assertivo do comunicado reflete a preocupação com a integridade do esporte e os riscos à saúde dos atletas.
Carta aberta e posicionamento dos atletas
O comunicado, endossado pela Athlete 365, instituição que representa a comunidade de atletas olímpicos e de elite, classifica a competição como uma “traição a tudo que prezam”. Os signatários criticam a possível normalização do uso de substâncias que aumentam o desempenho esportivo, enfatizando que isso minaria os valores que guiam o esporte.
“Como atletas, acreditamos que os Enhanced Games ou qualquer outro evento encorajando o uso de substâncias de aumento de performance são uma traição a tudo que prezamos […] esses eventos enfraquecem a integridade do esporte e a responsabilidade dos atletas como modelos da sociedades. Promover essas substâncias e métodos passa uma mensagem perigosa, especialmente para as atuais e futuras gerações de atletas. Essas substâncias podem levar a sérias consequências de saúde no longo prazo, até à morte. Encorajar atletas a utilizá-las é altamente irresponsável e imoral. Nenhum nível de sucesso esportivo vale esse custo”, afirmaram COI e comissão de atletas na carta.
O que são os Enhanced Games?
Os Enhanced Games foram anunciados pela primeira vez em 2024, com a intenção de serem realizados em maio de 2026, em Las Vegas, Estados Unidos. A iniciativa é idealizada pelo empresário australiano Aron D’Souza e se propõe a defender a ciência e a autonomia dos atletas sobre seus corpos. De acordo com a organização, a competição não realizará testes para substâncias de aumento de desempenho, focando apenas na saúde dos participantes.
Segundo os organizadores, a ideia é proporcionar um espaço onde os atletas possam competir sem a pressão de seguir as regras rigorosas da Agência Mundial Antidopagem. Contudo, essa abordagem gerou inúmeras críticas, uma vez que ignora os riscos associados ao uso indiscriminado de substâncias que podem ser prejudiciais à saúde.
Reações e repercussões
A controvérsia gerada pelos Enhanced Games ressoou fortemente entre os círculos esportivos e a comunidade em geral. Diversos atletas e ex-atletas expressaram sua oposição ao evento, temendo que ele possa criar um precedente perigoso para o futuro do esporte. Em resposta, os organizadores têm tentado reunir apoio, utilizando vídeos de demonstrações privadas que exibem reivindicações de que participantes teriam quebrado recordes sob o uso de substâncias.
Entre os nomes que têm se posicionado em favor da nova competição estão o nadador australiano James Magnussen, medalhista olímpico, e o ex-nadador grego Kristian Gkolomeev, vice-campeão mundial nos 50m livres. Contudo, seu envolvimento tem sido criticado, pois eles reforçam a ideia de que o sucesso esportivo pode ser alcançado por caminhos duvidosos.
Os valores do Movimento Olímpico
A carta aberta do COI e da Wada reflete não apenas uma postura contra os Enhanced Games, mas uma defesa dos princípios do movimento olímpico que inclui o fair play, comportamento ético e respeito mútuo entre os atletas. O documento culmina com um apelo à unidade e à proteção da integridade do esporte para as futuras gerações, reafirmando que “faremos tudo que pudermos para proteger a integridade do esporte para as próximas gerações”.
À medida que a data do evento se aproxima, o debate sobre os Enhanced Games promete esquentar, trazendo à tona discussões críticas sobre ética no esporte, saúde dos atletas e a verdadeira essência da competição. Enquanto isso, a população aguarda ansiosamente as manifestações e decisões que moldarão o futuro das práticas esportivas e a forma como as competições serão realizadas.
