Em uma clara demonstração de insatisfação, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) expressou sua preocupação com a falta de apoio público de seus aliados, o deputado Nikolas Ferreira (PL-SP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), após seu recente depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF). Durante conversas com membros próximos, Bolsonaro relatou sentir-se “abandonado” pelo duo, especialmente considerando as narrativas que vêm sendo veiculadas em relação a seu depoimento.
O depoimento e a reação dos aliados
Na última terça-feira, Bolsonaro prestou depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre a tentativa de golpe de estado no Brasil. Embora a quantidade de postagens sobre o depoimento tenham sido maior entre deputados do Partido dos Trabalhadores (PT), dados da consultoria Bites apontam que os parlamentares de direita, incluindo os do PL, conseguiram gerar mais engajamento nas redes sociais. Assim, a narrativa predominante entre os aliados de Bolsonaro é a de que ele se desvinculou das acusações relacionadas à minuta golpista.
Em relação a essa situação, a postura de Tarcísio de Freitas tem gerado especulações. Aliados de Bolsonaro sugerem que o governador possui uma boa relação com Moraes, resultado de tentativas anteriores de apaziguamento entre o bolsonarismo e o ministro, especialmente durante o mandato de Michel Temer, que indicou Moraes ao STF em 2017. Tarcísio, por sua vez, sempre defendeu que Bolsonaro “falaria a verdade” a Moraes, mostrando confiança na inocência do ex-presidente.
Silêncio que pesa
Apesar das tentativas de contorno da situação, tanto Nikolas quanto Tarcísio não se manifestaram publicamente em relação ao pedido de apoio de Bolsonaro. A falta de posicionamento, especialmente nas redes sociais, tem sido vista como uma falta de lealdade por parte de Bolsonaro, que esperava mais solidariedade após seu depoimento.
A postura silenciosa dos aliados não passou despercebida e, na quinta-feira, a equipe de comunicação de Bolsonaro fez uma investida para tentar entender o silêncio dos dois, mas não obteve respostas. Essa ausência de diálogo gerou um clima de tensão dentro do grupo de apoio do ex-presidente, o que pode ter implicações futuras em suas estratégias políticas, especialmente se Bolsonaro ainda permanecer inelegível.
Conflitos nas redes sociais
As tensões não se limitam ao silêncio dos aliados. Nikolas Ferreira teve um embate direto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante uma audiência na Câmara dos Deputados, onde criticou as medidas econômicas propostas pelo governo. O deputado e seu colega Carlos Jordy (PL-RJ) abandonaram a audiência antes da explicação do ministro, o que provocou uma discussão acalorada entre eles.
Haddad, em sua fala, criticou a atitude de Nikolas e Jordy, chamando-a de “molecagem” e sublinhando a necessidade de compromisso com a verdade na política. O conflito culminou em um bate-boca na audiência, onde Nikolas alegou que estava sendo interrompido e, ao contrário das práticas democráticas, impediu que outros parlamentares se pronunciassem. Essa situação reveladora mostra a fraqueza das relações entre a nova oposição e o governo, além de destacar a escalada de conflitos no cenário político atual.
O futuro do bolsonarismo
Com a crescente insatisfação de Bolsonaro em relação a seus aliados, o futuro do movimento bolsonarista se torna incerto. A relação entre o ex-presidente e Tarcísio, que é visto como um possível candidato à presidência, pode ser afetada por essa falta de comunicação. A expectativa é que, com a aproximação das eleições e a necessidade de articulações políticas, ambos consigam resolver suas divergências e consolidar uma frente unida.
Entretanto, o espaço político é dinâmico, e as movimentações de cada figura influente, como Nikolas Ferreira e Tarcísio de Freitas, serão observadas de perto por eleitores e opositores. A confluência de interesses entre eles e Bolsonaro poderá moldar os rumos do bolsonarismo nas próximas eleições, em um contexto onde a unidade parece ser um componente essencial para sua sobrevivência política.