Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump tem buscado respaldo de militares e de figuras do Pentágono para reforçar sua postura agressiva contra protestos e dissidentes, incluindo possíveis ordens de uso da força que podem ser ilegais, segundo relatos e análises de fontes militares.
Militares sob suspeita de apoio a ações extremas
Relatos indicam que Trump poderia estar tentando encontrar no Pentágono uma base de apoio para implementar medidas duras, como o uso de força letal contra civis, caso decida. Em 2022, ex-oficiales detalharam tentativas do ex-presidente de instruir tropas a disparar contra manifestantes, incluindo a sugestão de atirar nas pernas — uma recomendação controversa e potencialmente ilegal.
O ex-secretário da Defesa, Mark Esper, revelou que Trump chegou a questionar se os militares poderiam abrir fogo na manifestação de rua em Washington, D.C.: “Ele perguntou: ‘Vocês podem apenas atirar neles? Na perna ou algo assim’”, contou em entrevista à CBS News. Segundo Esper, a intenção seria que o Exército atuasse de forma agressiva, embora essa orientação nunca tenha sido oficialmente autorizada.
Silêncio de Hegseth e o apoio a Trump
Durante sua sabatina à confirmação como secretário da Defesa em janeiro, Pete Hegseth evitou responder se obedeceria a um possível comando de Trump para disparar contra protestantes — situação que, segundo relatos históricos, foi desejada na administração anterior. Ele afirmou que “não poderia dar uma resposta definitiva em público”, inclinando-se a apoiar a postura de Trump sem esclarecer sua posição.
Hegseth, ex-âncora do Fox News e membro ativo no apoio à administração Trump, foi criticado por sua linha de apoio e por sua presença na Guarda Nacional durante eventos de junho de 2020, quando Trump ordenou a dispersão de protestos no Lafayette Square. Sua posição reforça a suspeita de que figuras militares podem estar dispostas a seguir ordens controversas.
Escalada na repressão e a presença militar na rua
Na última semana, Trump ordenou o envio de cerca de 2.700 militares à Califórnia, incluindo a Guarda Nacional e, posteriormente, um batalhão de fuzileiros navais. Essas ações ocorreram diante de protestos contra as políticas migratórias e após o presidente afirmar que “teríamos tropas por toda parte”.
Embora a legislação federal limite o uso de tropas na repressão a cidadãos, Trump sinalizou a possibilidade de invocar o Insurrection Act de 1807 — uma medida que autoriza o presidente a declarar insurreição e usar forças militares para restabelecer a ordem, o que levanta preocupações sobre a legalidade dessas ações.
Reações e riscos ao Estado de Direito
Senadores e especialistas criticaram duramente a escalada militar de Trump. A senadora Mazie Hirono afirmou que “ele está abusando do poder”, enquanto Gavin Newsom, governador da Califórnia, entrou com uma ação judicial contra o governo federal para impedir o uso de tropas na região.
Enquanto isso, o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, acusou Newsom de “liderança fraca” por alegar que a administração Trump estaria tentando “subverter leis federais de imigração”, postura vista como tentativa de justificar a escalada militar. Parnell afirmou que o exército tem o dever de proteger as forças de segurança federais, independentemente de divergências regionais.
Contexto histórico de uso militar e riscos atuais
O episódio remete às controvérsias de 2020, quando Trump ordenou a dispersão de protestos relacionados à morte de George Floyd, usando força militar e força policial, enquanto ex-oficiais militares das Forças Armadas expressaram desacordo e se afastaram das decisões do então presidente.