O presidente Donald Trump afirmou nesta terça-feira que está disposto a desafiar as regras tradicionais ao enviar tropas da Guarda Nacional para a Califórnia, sem o respaldo do governador Gavin Newsom. Ele justificou sua decisão com base em uma lei federal que permite o uso das forças em casos de invasão, rebelião ou ameaça de rebelião, argumentando que o país enfrenta tais situações.
Justificativa legal e ações controversas
Segundo Trump, o governo federal agiu fundamentado na Lei Federal que autoriza o envio de tropas em situações de risco à segurança nacional. “Você tem que lembrar, já estive aqui antes e segui todas as regras. Esperei que os governadores solicitassem o envio, mas eles não o fizeram”, afirmou do Escritório Oval durante uma coletiva, enquanto protestos contra sua campanha de deportação massiva aumentavam em Los Angeles.
O governo dos Estados Unidos defendeu a ação, citando o direito de intervir para garantir a lei e a ordem. Uma denúncia judicial argumenta que a implantação de mais de 4 mil militares sem evidências de incapacidade das forças locais viola a 10ª Emenda, que reserva às autoridades estaduais o poder de manter a ordem.
Reações e críticas à intervenção federal na Califórnia
Rob Bonta, procurador-geral da Califórnia, afirmou na segunda-feira que não havia risco de rebelião ou ameaça estrangeira quando Trump enviou as tropas. “Não há ameaça de invasão nem incapacidade das forças locais de garantir a segurança pública”, declarou.
Trump, no entanto, insistiu que a polícia de Los Angeles não tinha condições de controlar os protestos, que apesar de em grande parte pacíficos, envolveram atos de vandalismo. “Los Angeles estava sob cerco até chegarmos lá. A polícia não conseguiu lidar com isso”, afirmou o presidente, ressaltando que a ação foi necessária para restaurar a ordem.
Impacto da intervenção e relação com os Jogos Olímpicos
O mandatário também justificou sua decisão com a proximidade das Olimpíadas de Los Angeles, previstas para daqui a três anos. “Temos os Jogos chegando e não podemos deixar que a cidade pareça fora de controle ao olhar para ela”, destacou Trump, reforçando a ideia de que a intervenção federal visa garantir uma imagem positiva do evento internacional.
Implicações para o equilíbrio de poderes
Especialistas alertam que a ação de Trump representa um avanço na intervenção do governo federal nas responsabilidades estaduais, desafiando o equilíbrio de poderes previsto na Constituição dos Estados Unidos. A controvérsia reforça o debate sobre os limites do poder presidencial em questões de segurança interna.
A polêmica ainda está longe de ser encerrada, com autoridades estaduais e federais em desacordo quanto à legalidade e à necessidade do uso militar em situações civis de protesto, levantando questões sobre os limites do poder executivo na administração da segurança.
Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost. Para mais informações, acesse HuffPost.