Brasil, 13 de junho de 2025
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Transições justas e o papel da Igreja na América Latina

Evento discute a responsabilidade social e ambiental da Igreja na promoção de um desenvolvimento sustentável na América Latina.

Em um momento histórico para a América Latina, a jornada de reflexão sobre transições justas e o papel da Igreja na construção de uma visão de desenvolvimento sustentável foi realizada em Roma, promovida pela Embaixada da Colômbia junto à Santa Sé. Este evento, que marcou a celebração de 190 anos de relações diplomáticas entre a Colômbia e a Santa Sé, reuniu líderes e acadêmicos para debater temas cruciais sobre a atual crise ecológica e suas implicações sociais e econômicas.

A crise ecológica e suas consequências

O cardeal Jaime Spengler, presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), abriu o evento destacando que “a Igreja se deixa perturbar pela história” e que o mundo enfrenta um momento de desmoronamento, seja social, ambiental ou econômico. Ele enfatizou a urgência do diálogo na busca por soluções que promovam o bem comum em tempos de crise ecológica.

Durante sua palestra na Aula Magna da Pontifícia Universidade Gregoriana, Spengler afirmou que “a crise ecológica nos desafia a repensar o bem comum e a cultivar o diálogo social em torno da ecologia integral”. Ele lamentou a falta de diálogo social e a predominância de gritos em vez de conversas construtivas — a mesma preocupação já expressada pelo Papa Leão XIV.

Impactos das mudanças climáticas

O cardeal também lembrou os martírios de homens e mulheres que trabalharam pelo bem comum e pelo cuidado da “Casa Comum”. Ao refletir sobre as transições justas, ele chamou atenção para os rostos e vidas ameaçadas, especialmente entre líderes sociais e eclesiais que lutam pelos direitos humanos e ambientais. A realidade é alarmante: os pobres são os mais afetados pelas mudanças climáticas, e suas vozes devem ser ouvidas com mais urgência.

“Assumir as transições justas necessárias é reconhecer que a mudança climática é uma realidade em expansão em nossa região”, alertou Spengler. Ele sustentou que a situação não é apenas teórica; é uma questão social relacionada à dignidade da vida humana. Com o aumento da temperatura média global em 1,5ºC, os efeitos na saúde, biodiversidade e economia já são palpáveis, como evidenciado pelas enchentes que atingiram a região do Rio Grande do Sul, em que ele atua.

Soluções urgentes e comprometimento social

Frente a essa realidade crítica, Spengler clamou por mudanças estruturais urgentes. Com a COP30 programada para acontecer na Amazônia brasileira, ele propôs a necessidade de uma postura proativa que reflita o compromisso da Igreja com a justiça socioambiental e a denúncia de falsas soluções para a crise climática.

“As medidas atuais não estão à altura da tarefa e não correspondem à velocidade dos impactos climáticos”, afirmou. O cardeal argumentou que é essencial implementar soluções que considerem as interações entre sistemas naturais e sociais, como proposto pelo Papa Francisco na encíclica Laudato si’.

Compromissos irrenunciáveis

Durante suas considerações, Spengler também formulou cinco compromissos que considera essenciais para a promoção de uma ecologia integral: 1) Sobriedade como resistência ao consumismo; 2) Educação para a conversão ecológica; 3) Fortalecimento das comunidades locais; 4) Diálogo contínuo com a comunidade científica; e 5) Promoção de narrativas de esperança e cuidado com a “casa comum”.

O evento contou ainda com a presença de importantes figuras como o reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana, Pe. Mark A. Lewis, e representantes de diferentes órgãos e comunidades, reafirmando a necessidade de um diálogo colaborativo entre Igreja, academia e Estado para enfrentar os desafios que se apresentam.

Rumo a uma paz com justiça social

Por fim, o secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina, Dra. Emilce Cuda, destacou a importância de que tanto os povos quanto as organizações se unam na busca por um futuro sustentável, em um momento que exige não apenas ação, mas uma reavaliação crítica do paradigma econômico que atualmente prevalece. “A paz passa pela justiça social”, concluiu Cuda, reafirmando o legado do Papa Francisco nas diretrizes para enfrentar as crises sociais e ambientais.

À medida que as vozes ao redor do continente clamam por atenção e ação, a jornada de reflexão se apresenta como um passo significativo na promoção de uma América Latina mais justa, equitativa e sustentável.

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