O contraventor Rogério Andrade, conhecido como um dos maiores bicheiros do Rio de Janeiro, permanecerá preso após a decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa de Andrade havia solicitado o trancamento de uma nova investigação relacionada ao assassinato de Fernando Iggnácio, mas o ministro enfatizou a existência de novas provas que justificam a continuidade do processo.
Entenda o caso
Andrade está preso desde outubro de 2022, sob a acusação de ser o mandante do crime que vitimou Fernando Iggnácio, genro de Castor de Andrade, um famoso chefão do jogo do bicho que faleceu em 1997. O assassinato ocorreu em novembro de 2020, em um heliponto na Zona Oeste do Rio. A disputa entre Andrade e Iggnácio por controle sobre o império do jogo do bicho é marcada por uma série de conflitos violentos ao longo dos anos, resultando em um saldo alarmante de mortes, incluindo a de vários policiais.
Decisão do STF e novas provas
A defesa de Andrade argumentou que o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Justiça fluminense desrespeitaram uma decisão anterior do STF que havia trancado a ação penal devido à falta de provas na denúncia inicial. Entretanto, em sua análise, o ministro Kassio Nunes Marques afirmou que a promotoria apresentou novos elementos que justificam a reabertura do caso, afirmando: “Cumpre esclarecer que não houve qualquer desrespeito ao que foi deliberado pelo STF.”
A batalha pelo controle do jogo do bicho
A história do conflito entre Rogério Andrade e Fernando Iggnácio está profundamente ligada à herança do jogo do bicho no Rio. Após a morte de Castor de Andrade, a disputa pelo controle do legado contraventor foi acirrada. Enquanto Paulinho de Andrade, filho de Castor, e Iggnácio tentaram manter a operação sob suas mãos, Rogério Andrade se viu excluído do controle imediato, o que o levou a buscar recuperar seu espaço de forma violenta.
Impacto social e policial
A rivalidade entre Andrade e Iggnácio não resultou apenas em mortes dentro do círculo da contravenção, mas também teve repercussões severas para a segurança pública. Investigações da Polícia Federal indicam que a luta pelo poder entre os bicheiros resultou em um número significativo de assassinatos, refletindo a equipe de forças de segurança que também foi impactada pela corrupção e pela violência intrínseca ao jogo do bicho. A situação levanta questões sobre como a contravenção de apostas influencia a criminalidade no Rio e os desafios enfrentados pelas autoridades na tentativa de trazer ordem ao cenário caótico.
O que vem a seguir?
Com a decisão do STF, Rogério Andrade continuará em um presídio de segurança máxima em Mato Grosso do Sul, enquanto novos desdobramentos de sua situação legal podem ocorrer com a continuidade das investigações. O MPRJ segue buscando reunir evidências que sustentem o caso contra ele e outros envolvidos, apontando para a possibilidade de revelações ainda mais impactantes sobre o submundo do jogo do bicho e suas intricadas redes de poder no Rio de Janeiro.
A população, por sua vez, aguarda ansiosamente por Justiça, enquanto as autoridades lutam para desmantelar essa complexa estrutura de crime organizado que, há décadas, predomina na cultura do estado. A luta contra a impunidade continuará a ser um tema central no debate sobre segurança e justiça no Brasil.
O g1 tenta contato com a defesa de Rogério Andrade para obter mais esclarecimentos sobre o caso e as próximas etapas que podem se seguir.