Brasil, 14 de junho de 2025
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Réus da trama golpista fazem recuos e pedidos de desculpas no STF

Depoimentos no STF revelam mudança de tom entre réus de suposta trama golpista, incorporando pedidos de desculpas e recuos retóricos.

Os depoimentos prestados no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos réus investigados por uma suposta trama golpista contra o Estado Democrático de Direito marcavam uma inflexão no discurso até então combativo adotado pelo entorno de Jair Bolsonaro (PL). As oitivas na Primeira Turma da Corte foram marcadas por recuos retóricos e até pedidos de desculpas, evidenciando uma tentativa de distânciamento das condutas denunciadas pela Polícia Federal (PF) e pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

O tom dos réus muda drasticamente

Um dos episódios mais emblemáticos partiu do próprio ex-presidente Bolsonaro. Durante seu interrogatório, Bolsonaro pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes por suas declarações feitas em uma reunião ministerial ocorrida em 5 de julho de 2022, onde insinuou que tanto ele quanto os colegas de STF, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, teriam recebido propina para defender a segurança das urnas eletrônicas e supostamente fraudar as eleições. O vídeo do encontro, que foi tornado público durante as investigações, embasou a interpelação direta feita por Moraes ao ex-presidente sobre a natureza das acusações.

“Não tenho indício nenhum, senhor ministro. Era uma reunião para não ser gravada, foi um desabafo, uma retórica que usei. Então, me desculpe. Não tive intenção de acusar de desvio de conduta os três ministros,” respondeu Bolsonaro, visivelmente em uma postura mais amena.

Bolsonaro ainda enfatizou a dificuldade em mudar seu comportamento, ao declarar: “Sempre carreguei no linguajar. Tento me controlar, tenho melhorado bastante meu vocabulário. Acho que com 70 anos é difícil mudar muita coisa… Peço desculpas se ofendi alguém.”

Retrações de outros réus

O ex-presidente não foi o único a demonstrar uma postura mais comedida. O ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, seguiu o mesmo caminho, pedindo publicamente desculpas por declarações feitas durante a mesma reunião de julho de 2022. “Quero me desculpar publicamente por ter feito as declarações naquele dia. Eu não tinha nem três meses à frente do Ministério da Defesa, vinha do Exército,” afirmou Nogueira, que também se lembrou da colaboração de Moraes para o trabalho do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Mesmo naquele ambiente, onde as falas eram impulsivas, o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, fez questão de negar qualquer envolvimento com planos golpistas e refutou críticas ao sistema eleitoral, lamentando os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023: “Foi algo muito, muito triste. A nação brasileira realmente não precisava disso,” disse.

Consequências para a confiança no sistema eleitoral

As mudanças de tom notadas durante os depoimentos não apenas refletem uma estratégia de defesa, mas também suscitam discussões mais amplas sobre a confiança no sistema eleitoral brasileiro. O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, foi questionado por Moraes sobre mensagens que mencionavam hackeamento das urnas, e descartou haver qualquer evidência nesse sentido. “Tecnicamente, nunca recebi qualquer informação apontando fraude nas urnas,” declarou o ex-ministro.

A perspectiva de Torres encarou um contraste com suas declarações anteriores, quando pediu um esforço para questionar a lisura do processo eleitoral durante uma reunião ministerial. Essas oscilações de posicionamento colocam em evidência a confusão que pode ter surgido na comunicação entre membros do governo e a necessidade de uma posição mais clara sobre os eventos ocorridos.

Reações e análises sobre os depoimentos

A mudança de postura dos réus foi surpreendente para muitos analistas políticos, que veem a nova abordagem como uma tentativa de mitigar consequências legais e políticas. Desde a promoção de uma narrativa previamente combativa, os depoimentos parecem buscar um caminho mais conciliador e, possivelmente, uma salvaguarda diante de uma investigação que não mostra sinais de desaceleração.

O comportamento dos réus e seus pedidos de desculpas vêm à tona em um momento em que a confiança pública nas instituições têm sido contestada, e trazem a expectativa de que uma mudança de narrativas possa influenciar a percepção popular e a capacidade do sistema político de se estabilizar.

Com as oitivas ainda em andamento, o STF continua a ser um palco crítico para a análise das relações de poder e a defesa do Estado Democrático de Direito, temas que estão em discussão profunda no Brasil contemporâneo, à medida que desdobramentos deste caso particular são acompanhados com atenção pela nação.

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