Os bancos centrais do mundo inteiro estão aumentando suas reservas de ouro, que em 2024 atingiram 36 mil toneladas, nível não visto em seis décadas. Relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE) mostra que, enquanto o dólar perdeu espaço, o ouro conquistou uma participação maior nas reservas internacionais, chegando a 20% do total.
O papel do ouro nas reservas internacionais
Desde o fim padrão ouro na década de 1970, os estoques de ouro dos bancos centrais tiveram quedas e retomadas. Nos anos 1960, os cofres de instituições como o Forte Knox, nos Estados Unidos, chegaram ao pico de 38 mil toneladas. Atualmente, segundo o BCE, os bancos mantêm quase tanto ouro quanto em 1965, o que evidencia um movimento de recuperação.
Valorização e participação financeira
Além do volume físico, o ouro também ganhou peso financeiro nas reservas globais. Em 2024, o metal representou 20% do total, superando os 16% do euro e ficando atrás do dólar, que detém 46%, de acordo com dados do BCE. Isso ocorre por conta da valorização do ouro, que alcançou US$ 3.500 por onça em 2025, alta de 27% desde o início do ano.
Razões para o aumento das reservas de ouro
Especialistas apontam que a busca por diversificação de ativos por parte dos bancos centrais é uma das principais motivações. O relatório do BCE revela que, pelo terceiro ano consecutivo, as instituições adquiriram mais de mil toneladas de ouro em 2024, o que equivale a um quinto da produção mundial e o dobro da média registrada na década de 2010.
Fatores geopolíticos e econômicos
O fenômeno de desdolarização, sobretudo após a invasão da Rússia à Ucrânia em 2022, também contribui para a maior valorização do ouro como ativo de segurança. Países em desenvolvimento têm ampliado seu uso nas reservas para se proteger de instabilidades financeiras e sanções internacionais, como o caso da Rússia.
Investimento e perspectivas futuras
Segundo o BCE, os bancos centrais compraram mais de duas mil toneladas de ouro em 2024, buscando proteger seus ativos em um cenário de tensões globais. A aquisição de ouro é vista por investidores como um ativo seguro, mesmo sem rendimento de juros, devido à alta liquidez, estabilidade e imunidade a sanções econômicas.
Pesquisas indicam que dois terços dos bancos centrais investiram no metal com o objetivo de diversificação, enquanto 40% o utilizam como proteção contra riscos políticos e econômicos. O auge do estoque de ouro nos cofres globais reforça a tendência de resistência do metal como reserva de valor em tempos de crise.