Brasil, 13 de junho de 2025
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Reação de atriz pornô revela frustração com representação de sex work em filme

Emma*, uma acompanhante e dançarina de 25 anos que trabalha em um clube de strip em Manhattan, afirmou que o filme “Anora” despertou uma forte emoção: raiva. Ela destacou que, embora algumas cenas iniciais pareçam autênticas, várias representações da vida na indústria do sexo são irrealistas e prejudiciais.

Reação a cenas iniciais e críticas às representações

Segundo Emma, as primeiras cenas no clube demonstram uma compreensão realista da rotina, fazendo com que ela inicialmente acreditasse na veracidade do filme. No entanto, ela criticou a cena na casa de Vanya, na qual Ani, personagem principal, questiona um cliente sobre sexo adicional após o pagamento. “Na minha experiência, nunca faríamos isso, porque já está pago”, afirmou Emma, ressaltando a autonomia na negociação com clientes.

Ela também se sentiu incomodada ao ver as meninas comemorando a noiva Ani após o noivado, sentimento que considerou um equívoco, pois na sua experiência, as profissionais evitam depender economicamente de homens. “Elas fazem escolhas inteligentes, buscando estabilidade”, explicou.

Estereótipos de comportamento e a busca por autonomia

Emma criticou ainda a personagem como uma “garota má” que, na vida real, não sobreviveria na indústria. “O que me mantém na profissão são as colegas de dressing room, que são inteligentes e incríveis”, afirmou.

Ela também disse que, na fase de relacionamento, a personagem Ani mantém uma postura extremamente sexual, o que pareceria uma fantasia masculina. “Na nossa rotina, essa persona sexual é apenas uma fachada de trabalho. Depois que saímos do clube, nossa atitude muda completamente.”

Questões sobre o amor, dependência e a narrativa do filme

Ao discutir a evolução do filme, Emma se incomodou com a ideia de Ani se apixonar por Vanya, um homem que ela conhece na indústria. “Ela acha que ele gosta dela de verdade, o que é irreal. No nosso trabalho, somos facilmente substituíveis e não acreditamos em amor verdadeiro na rotina”, afirmou.

Ela enfatizou que muitas mulheres veem homens que se julgarem “gentis” ou “bons” tentando se aproximar como uma ameaça ou uma ilusão, reforçando sua desconfiança natural na indústria do sexo.

Reflexões sobre o final e a exploração do sofrimento

Emma criticou a cena no carro, na qual Ani demonstra dor emocional. “A imagem de uma mulher sofrendo é usada para gerar empatia, mas nossa dor muitas vezes não vem do sexo, e sim de questões financeiras e de respeito na sociedade”, disse ela. “O filme, na minha visão, reforça um estereótipo que busca explorar o sofrimento para alimentar uma narrativa sensacionalista.”

Ela acredita que o filme perpetua a ideia de que o trabalho sexual é uma tragédia, quando na realidade muitas mulheres escondem sua independência e inteligência por trás dessas experiências.

Desafio às representações e a cultura da indústria

Emma também condenou a representação de personagens femininas como intrigas no ambiente de trabalho, apontando que “brigas de ‘meninas más’ não sobrevivem na indústria”. Para ela, a verdadeira força vem do apoio entre colegas, que ela considera o maior motivo de sua permanência na profissão.

Por fim, Emma expressou sua crítica à narrativa do filme, que ela vê como uma construção baseada no desejo masculino de ver mulheres sofrendo e emocionalmente vulneráveis. “As pessoas lucram com a ficção de que tudo é triste e sofrimento, mas a nossa realidade é mais complexa e digna”, concluiu.

*Nome fictício para preservar a privacidade da entrevistada.
**Fonte: Depoimento exclusivo de Emma, acompanhante e dançarina em Nova York.**

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