A corrupção e o tráfico de drogas dentro do sistema prisional têm sido temas recorrentes e preocupantes no Brasil. Recentemente, a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo prendeu quatro policiais suspeitos de envolvimento em um esquema de corrupção no presídio militar Romão Gomes, localizado na Zona Norte da capital paulista. Essa situação revela a gravidade da questão e levanta preocupações sobre a integridade das instituições responsáveis pela segurança pública.
Esquema de corrupção no presídio
Os quatro policiais militares, cujo trabalho se desenrolava dentro do próprio presídio Romão Gomes, são acusados de cobrar propina em troca da permissão para a entrada de itens proibidos como celulares, drogas e anabolizantes. Este presídio abriga, principalmente, policiais militares que estão à espera de julgamento ou que já foram condenados pela Justiça.
A investigação, que teve início em fevereiro de 2024, foi desencadeada após a descoberta de um celular e um carregador escondidos na cela do soldado Eduardo José de Andrade. Andrade, que cumpre uma pena de 29 anos de prisão pelo assassinato de um açougueiro em Cedral, resolveu colaborar com as investigações e elucidou como operava a rede de corrupção dentro do presídio.
Colaboração e novas evidências
Através do depoimento de Andrade, ficou claro que dois sargentos responsáveis pela segurança da unidade permitiam a entrada de itens ilegais. Além disso, a esposa de um dos presos estava diretamente envolvida, utilizando as visitas como uma oportunidade para levar os celulares até as celas. Outras apreensões de celulares, uma delas em fevereiro, corroboraram a suspeita de que o esquema era muito mais estruturado e envolvia um número maior de policiais.
Quebra de sigilo e novas descobertas
O exame das comunicações telefônicas de Eduardo Andrade revelou conversas com traficantes de drogas que supostamente forneciam entorpecentes para revenda dentro do presídio. As investigações mostraram que a irmã de Andrade recebia a droga, enquanto sua esposa era responsável por transportar o carregamento até a unidade. As transações bancárias entre a família de Andrade e os soldados Felipe Oliveira Mazola e Felipe Moreira da Silva foram um indicativo do envolvimento deles no esquema.
As consequências e a gestão do presídio
Além dos dois soldados mencionados, outros policiais, como o cabo Nilson Moreira da Silva, estão sendo investigados por fornecer anabolizantes, enquanto o soldado Moreno Maximiliano Rocha é suspeito de receber quantias em dinheiro de detentos e familiares. As prisões preventivas dos quatro PMs foram decretadas pela Justiça Militar, e eles permanecerão detidos na mesma unidade onde os crimes ocorreram, o que levanta questões sobre a segurança e a gestão dentro dessa instituição.
O presídio militar Romão Gomes, criado em 1957, atualmente abriga 229 detentos, sendo 227 homens e duas mulheres. Sua principal função é dar suporte a policiais militares condenados ou que aguardam julgamento, em regimes de prisão preventiva, temporária ou já sentenciada. É um local que deve ter seus processos de segurança reforçados imediatamente, principalmente após a revelação do esquema de corrupção.
A resposta da PM e o impacto da corrupção
A prisão dos agentes é uma amostra de que a própria Polícia Militar está ciente dos problemas que afetam suas fileiras e busca, por meio da corregedoria, investigar e punir os envolvidos em atividades ilícitas. Embora essa situação cause tristeza, também representa um sinal de que as instituições estão trabalhando para se purgar de práticas corruptas.
Esse caso ressalta a importância das investigações rigorosas e da transparência dentro das forças de segurança pública, que devem agir com integridade e em respeito à lei. A confiança da sociedade nas instituições de segurança é essencial para a construção de um ambiente mais seguro e justo para todos.