Brasil, 12 de junho de 2025
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Jair Bolsonaro se defende no Supremo e busca apoio político para 2026

Ex-presidente tentou se apresentar como candidato em depoimento, mas enfrenta condenações por sua participação em trama golpista.

Ao se defender no Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro utilizou o banco dos réus como plataforma política. Em um discurso que mais pareceu um ato de campanha, o ex-presidente exaltou seu governo, criticou seu sucessor e se posicionou como uma opção para as eleições de 2026. O discurso veio em meio a um interrogatório que marcou sua participação na investigação sobre a trama golpista que envolveu sua administração.

A defesa de Bolsonaro no Supremo e suas aspirações políticas

O interrogatório foi desencadeado por sérios episódios que ameaçam a democracia no Brasil, e Bolsonaro parecia determinado a transformar sua defesa em uma oportunidade política. Com um tom de candidato, ele destacou que havia montado um “ministério excepcional” e se orgulhou de ações em prol da população, como levar água para o Nordeste e as obras de asfaltamento no Paraná. Num momento de sinceridade, ao ser questionado sobre sua eleição, Bolsonaro revelou: “Nem eu esperava ser eleito presidente, tendo em vista quem eu era”.

Alexandre de Moraes e a condução do depoimento

O ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo interrogatório, optou por não interromper o ex-presidente durante seu discurso prolongado. Bolsonaro se sentiu à vontade para compartilhar sua agenda de viagens e, em tom de brincadeira, mencionou que escalaria Moraes como seu vice em uma chapa fictícia, mesmo sabendo que está inelegível até 2030.

O depoimento de Bolsonaro, no entanto, não trouxe novidades significativas em relação ao que já havia declarado em entrevistas e transmissões ao vivo. Questionado sobre as acusações da Procuradoria-Geral da República, ele insistiu que nunca ultrapassou os limites da Constituição e procurou minimizar seus ataques ao sistema eleitoral, alegando que eram apenas “arroubos de retórica”. Mesmo quando pediu desculpas por insinuar que ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teriam recebido propina, suas palavras geraram mais dúvidas do que respostas.

A investigação e a narrativa da retórica política

A investigação contra Bolsonaro revela que suas ações e discursos não foram aleatórios, mas parte de uma estratégia para deslegitimar a Justiça Eleitoral e radicalizar sua base de apoio. Seu objetivo aparente era garantir respaldo em uma possível reviravolta caso perdesse as eleições. Apesar de negar que tramou uma ruptura institucional, o ex-presidente admitiu ter convocado comandantes militares para discutir “possibilidades” de contestar resultados eleitorais, insistindo que um golpe era inviável por falta de clima, oportunidade ou base sólida.

A responsabilidade pelos atos de seus seguidores

Em um movimento para desassociar-se da responsabilidade pelos atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro, Bolsonaro desdenhou dos seguidores que apelaram por intervenções militares e a adoção do AI-5, chamando-os de “malucos”. Ele se distanciou ainda mais dos bolsonaristas que foram presos, afirmando: “Não teve estímulo da minha parte a fazer nada de errado”. Isso demonstra uma tentativa de jogar a responsabilidade sobre os atos radicais dos seus apoiadores, mesmo reconhecendo que sua retórica havia encorajado essas ações.

Bolsonaro, portanto, não só busca escapar de uma condenação que pode marcar seu legado, como também tenta reforçar sua imagem política e seu espaço no cenário eleitoral, visando as eleições de 2026. A tentativa de usar o tribunal como um palanque é, no entanto, um jogo arriscado que pode ter consequências para sua trajetória futura e para a democracia brasileira.

À medida em que as investigações avançam e mais situações se desenrolam, a espontaneidade de suas falas em tribunal pode se tornar uma espada de dois gumes, tanto para sua carreira política quanto para a estabilidade do sistema democrático no Brasil.

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