No intervalo de operações do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) em Los Angeles, um educador emocionado compartilhou o impacto psicológico e emocional das ações na comunidade escolar. Mr. Howie relatou que, no dia 6 de junho, enquanto acontecia a cerimônia de formatura de uma escola elementar, rumores de perseguições do ICE nas proximidades espalharam pânico entre pais, alunos e funcionários.
Relato emociona e revela o trauma das operações do ICE em escolas de LA
Durante uma entrevista com BuzzFeed, Mr. Howie contou que, enquanto a cerimônia de formatura ocorria, às geleiras do céu se multiplicaram por helicópteros e rumores de que a imigração estaria nas redondezas provocaram um clima de medo. “Eles estavam fazendo a formatura e tinha helicóptero no céu”, explicou o educador, com lágrimas nos olhos. “A maioria dessas escolas é predominantemente hispânica.”
Ele descreveu como seu próprio colégio entrou em um suposto “lockdown suave”. “Nos disseram que era um exercício, mas todos sabemos que não era uma simulação… Ficamos em uma espécie de bloqueio preventivo”, afirmou. A sensação de insegurança se acentuou quando soube que alguns pais fugiram do evento com medo de serem detidos, deixando seus filhos para trás.
“Os pais tiveram que sair porque não têm documentos e tiveram que deixar seus filhos”, explicou Mr. Howie, ainda visivelmente afetado. “E as crianças, desesperadas, agarrando os professores, chorando, sem entender se verão os pais novamente ao chegar em casa.” Ele questionou a situação com uma frase marcante: “Que tipo de coisa horrível é essa? E nós votamos nisso?”
Raids do ICE e a tensão nas comunidades latinas
Embora a prefeitura de Los Angeles tenha esclarecido posteriormente que nenhuma atividade do ICE ocorreu na cerimônia de formatura, agentes foram vistos nas proximidades, o que foi suficiente para gerar pânico. No mesmo dia, 45 pessoas foram detidas em operações do ICE em diferentes pontos da cidade, incluindo uma loja Home Depot a poucos minutos da escola.
“Isso foi suficiente para assustar toda uma comunidade”, disse Mr. Howie. Seu vídeo, no qual expressa sua dor e frustração, viralizou nas redes sociais, recebendo apoio de centenas de internautas. “Esse foi meu reação emocional pura às informações que recebi”, afirmou.
Ele reforçou que, ao longo do ano, episódios similares de medo têm interrompido o dia a dia escolar. “Quando ouvimos helicópteros, nossa atenção se volta para proteger as crianças sem assustá-las demais, mesmo sem uma ameaça imediata”, destacou. Para ele, o impacto psicológico nas crianças é profundo e muitas vezes invisível.
O impacto na comunidade escolar e o sentimento de impotência
Como profissional de apoio escolar, Mr. Howie explicou que a presença do ICE só aumenta a tensão diária. “Já estou lá para orientar, cuidar e proteger. Mas hoje, por exemplo, não tinha meu aluno, porque seus pais tinham medo de trazê-lo”, relatou. “Até alunos com documentação legal estão apreensivos.”
Segundo ele, até mesmo funcionários com documentos comprovados se sentem inseguros diante do clima de medo. “Muitos dizem: ‘Tenho papéis e ainda assim tinha medo de vir trabalhar’”, comentou. “Tudo isso é uma questão humana.”
Reação social e o apoio às famílias afetadas
Nas redes sociais, a postura de solidariedade e empatia recebeu destaque. Comentários como “Obrigada por compartilhar sua dor” e “É hora de unirmos forças para proteger nossas comunidades” proliferaram. Uma postagem no Twitter resumiu o sentimento: “uma escola primária tendo que entrar em lockdown porque o governo é uma ameaça percebida, isso é tão malvado”.
Ao falar sobre suas emoções, Mr. Howie afirmou que seu foco permanece nos estudantes. “Meu objetivo é ajudar essas crianças, mostrar que me importo e que sempre estarei com elas”, declarou. Ele reforçou a urgência de reconhecer a humanidade por trás das ações de policiamento: “Estamos todos aqui do mesmo jeito, todos somos humanos.”
Perspectivas para o futuro e a luta contra a intolerância
Ele concluiu dizendo que o momento exige reflexão e união. “Minha esperança é que as pessoas entendam a gravidade disso. Essa não é uma questão política, é uma questão humana”, finalizou, demonstrando que sua postura é de esperança e resistência frente às políticas que aprofundam a divisão e o medo nas comunidades imigrantes.
