Frei Paolo Maria Braghini, um frade capuchinho nascido na Itália, encerrou sua jornada missionária de 26 anos entre os Ticunas de Belém do Solimões, no coração da Amazônia. Sua trajetória é um exemplo de amor e dedicação ao próximo, tendo se tornado não apenas um pregador do Evangelho, mas um verdadeiro irmão, amigo e defensor da cultura e espiritualidade dessa rica comunidade indígena.
A importância da missão de frei Paolo
Durante suas décadas de atuação, frei Paolo não apenas disseminou as doutrinas cristãs, mas viveu uma experiência de missão integral. Ele se dedicou a criar laços com os Ticunas, o povo indígena mais numeroso na Tríplice Fronteira entre Colômbia, Peru e Brasil. Sua presença em suas celebrações religiosas, bem como sua disposição para aprender a língua ticuna, transformou sua missão numa troca cultural profunda e enriquecedora.
Frei Paolo é lembrado por ter vivido os princípios franciscanos de simplicidade e amor ao próximo. Ele se tornou um defensor da identidade cultural dos Ticunas, apoiando iniciativas que respeitassem e protegêssem suas tradições e dignidade. Os gestos concretos de solidariedade e justiça foram aspectos marcantes de sua convivência e apostolado com esse povo.
Legado de esperança e inspiração
A diocese de Alto Solimões reconhece com gratidão os anos de dedicação de frei Paolo. Sua contribuição foi não apenas espiritual, mas também social, estimulando vocações missionárias entre os próprios Ticunas. Uma de suas preocupações foi a formação de novos líderes indígenas, o que ficou evidente em sua visita ao Seminário São José, onde afirmou a importância de um chamado à vida missionária por parte dos jovens da sua comunidade.
No último dia de sua estadia, que coincidiu com a celebração da memória da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, frei Paolo presidiu uma Eucaristia nostálgica junto aos seminaristas, onde teve a oportunidade de compartilhar as lições aprendidas ao longo de sua missão. Em seu discurso, ele instou os jovens a se tornarem “fecundos”, a não se deixarem levar pela esterilidade da falta de compromisso, mas a buscar a santidade e o ideal de santificar aqueles ao seu redor.
Uma despedida cheia de emoção
Os seminaristas e a comunidade ticuna se despediram de frei Paolo com profundo carinho e gratidão. As palavras de apoio e os conselhos dados pelo frade ressoaram entre eles como um chamado a seguir seu exemplo, servindo a Deus e ao próximo com amor e dedicando-se à proteção das tradições e da cultura ticuna. A intercessão de Maria Santíssima foi pedida, para que ele continue a ser iluminado em sua nova missão na Itália.
A música e as celebrações que marcaram seus anos no Brasil são testemunhos da vida vibrante que frei Paolo ajudou a nutrir entre os Ticunas. Sua partida deixa um espaço profundo que terá que ser preenchido por aqueles que aspiram a perpetuar sua missão e influência, provendo assim uma continuidade ao legado de amor e solidariedade que ele exemplificou.
Com um retorno à sua terra natal, frei Paolo deixa um capítulo fechado, mas as lições e as memórias permanecerão vivas na comunidade, inspirando novas gerações a seguir o caminho do amor e da solidariedade.

A história de frei Paolo serve como um poderoso lembrete da importância da solidariedade, respeito e amor ao próximo na construção de um futuro melhor, especialmente para comunidades que, como os Ticunas, têm uma rica herança cultural e espiritual a preservar.