No último sábado (7), um trágico acidente em um posto de combustíveis localizado no Centro do Rio de Janeiro resultou na morte de um motorista e de um frentista. Esse incidente chocante traz à tona preocupações sobre a segurança de veículos que utilizam Gás Natural Veicular (GNV) e destaca as falhas na fiscalização desse tipo de combustível. Segundo o Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos (Sidirepa), 60% dos carros com GNV nas ruas apresentam algum tipo de irregularidade, como documentação vencida ou falta de vistoria.
A explosão e suas consequências
O acidente ocorreu durante o abastecimento no posto da Praça da Cruz Vermelha, onde o motorista de 64 anos e o frentista de 61 anos perderam a vida. A Polícia Civil já deu início a uma investigação profunda para determinar as causas da explosão. O Sidirepa, em conjunto com o Comitê Nacional do GNV, analisou a documentação do veículo envolvido e levantou suspeitas de fraude na vistoria do cilindro que contém o GNV.
O presidente dessas entidades, Celso Mattos, revelou que o carro passou por inspeção com um cilindro alugado ainda dentro da validade, mas que posteriormente voltou a utilizar um cilindro vencido. “Foi um veículo que retirou um cilindro, alugou um cilindro que estava na data correta de vida útil dele, fez a vistoria, ele voltou para a oficina e colocou aquele cilindro que estava vencido”, afirmou Mattos, ressaltando a gravidade da situação.
Aspectos da segurança na instalação do GNV
A instalação do sistema de GNV em veículos exige uma série de etapas regulatórias que são fundamentais para garantir a segurança dos motoristas e de pedestres. O processo começa com a escolha de uma oficina credenciada pelo Inmetro para a instalação do kit. Após essa etapa, o veículo deve passar por uma inspeção em uma empresa licenciada e obter o Certificado de Segurança Veicular (CSV), além do selo do Inmetro. É importante destacar que a vistoria precisa ser renovada anualmente e a requalificação dos cilindros é obrigatória a cada cinco anos.
Leonardo Rocha, assistente da Diretoria de Avaliação da Conformidade do Inmetro, comentou sobre a negligência que pode ocorrer nesse processo: “O que o incidente tem de incomum é que alguma etapa relacionada à manutenção dessas inspeções periódicas e à requalificação do cilindro foi negligenciada pelo usuário”, ressaltando ainda que muitas vezes a conversão do veículo é realizada em oficinas clandestinas.
Desafios na fiscalização de veículos com GNV
Apesar das rigorosas exigências, o Sidirepa vem denunciando a falta de fiscalização nas ruas, um problema que envolve diferentes órgãos públicos. Celso Maros expressou sua preocupação: “Quem falha nesse processo é a Secretaria de Segurança, no caso a Polícia Militar, em conjunto com o Detran. Não está fazendo mais blitz, não tem mais fiscalização, ou seja, cada um está andando do jeito que quer”.
Em resposta a essa situação crítica, o sindicato anunciou que se reunirá nesta quinta-feira (12) com representantes do Detran, da Secretaria de Segurança Pública, do Inmetro e da Polícia Militar para discutir medidas que garantam a retomada das operações de fiscalização.
A importância de seguir as normas
Dirigir um carro com o certificado de GNV vencido é considerado uma infração grave pelo Código de Trânsito Brasileiro, acarretando em multa, cinco pontos na carteira e até mesmo a apreensão do veículo. Os especialistas afirmam que o principal alerta gerado pelo recente acidente é a necessidade de cumprimento rigoroso das normas técnicas e legais.
“Nenhum episódio de explosão de carro envolvia um carro que seguiu todas as regras de forma plena”, concluiu Leonardo Rocha, enfatizando a importância da conformidade com as regulamentações para evitar tragédias futuras. A Polícia Militar, por sua vez, afirma que realiza operações de fiscalização de trânsito que incluem a verificação da conformidade dos documentos de licenciamento anual emitidos pelo Detran.
O Detran também ressalta que o documento de licenciamento anual só é emitido se houver a vistoria do GNV em instituições técnicas licenciadas, enfatizando a necessidade de uma supervisão mais rigorosa para garantir a segurança no trânsito.
As autoridades e a sociedade civil devem se unir para que medidas efetivas sejam implementadas, a fim de prevenir novas tragédias e garantir a segurança de todos nas vias públicas.