As ações políticas recentes, marcadas por erros frequentes e populismo, estão agravando a fragilidade fiscal do Brasil, dificultando o crescimento econômico e ampliando desigualdades. A ausência de instituições democráticas fortes contribui para adiar reformas essenciais e estimular medidas populistas.
Política econômica e seus efeitos tardios na sociedade
Os efeitos da política econômica, com seus erros e acertos, costumam demorar a se manifestar para a sociedade, quando é que aparecem. A ausência de instituições democráticas sólidas intensifica consequências políticas negativas, levando a reformas estruturais atrasadas e ao crescimento do populismo.
Medidas recentes e seus objetivos
Entre as iniciativas destacam-se o pacote de medidas para compensar o aumento do IOF, direcionado principalmente para moradores de cobertura, e a proposta do Banco Central de apresentar um novo modelo de financiamento da casa própria como alternativa à poupança. Essas ações refletem tentativas de estimular o setor imobiliário e a economia, apesar do ambiente de incerteza.
Desafios fiscais e impacto no crescimento econômico
Na política fiscal, os efeitos colaterais — como a alta da inflação — muitas vezes levam os governantes a aumentarem gastos públicos e renúncias tributárias. Essa prática transfere o peso do ajuste fiscal para os próximos gestores, agravando o quadro fiscal e dificultando a responsabilidade econômica.
Casos emblemáticos de políticas populistas
Um exemplo clássico foi a elevação temporária do valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 em 2022, ano eleitoral, que foi mantida na transição para o Bolsa Família. Além disso, a renovação do Fundeb, ocorrida em 2020, aumentou significativamente os recursos federais para educação, apesar de sem uma contrapartida clara na melhora da qualidade do ensino.
Impacto do endividamento e limitações orçamentárias
Segundo técnicos da Fazenda, até o final de 2026, faltarão aproximadamente R$118 bilhões para cumprir a meta fiscal de superávit de 0,25% do PIB. A situação se torna ainda mais complexa com o crescimento da dívida pública e a perda de credibilidade na gestão fiscal, o que aumenta a pressão inflacionária e a desconfiança dos mercados.
Consequências para o próximo governo
O próximo presidente precisará negociar liberação para pagar precatórios fora da meta fiscal, além de enfrentar a necessidade de reformas estruturais para restaurar a confiança dos investidores. O reconhecimento da crise fiscal é um passo importante, mas ainda insuficiente para garantir uma solução duradoura.
Perspectivas futuras e debate eleitoral
A discussão sobre a crise fiscal tornou-se um tema político relevante, deixando de ser apenas uma preocupação de economistas. Será inevitável um debate eleitoral em 2026 que aborde a necessidade de ajustes fiscais, especialmente diante do desgaste da administração atual e das dificuldades de implementar reformas necessárias para o equilíbrio das contas públicas.
Por ora, o cenário revela um país lidando com as consequências de decisões políticas de curto prazo e a dificuldade de implementar mudanças estruturais duradouras. A pressão por medidas mais responsáveis aumenta, exigindo maior diálogo entre Poder Legislativo e Executivo para evitar uma crise fiscal ainda maior no horizonte.