No novo dramedy romântico “Materialists”, Dakota Johnson, que interpreta Lucy, uma casamenteira de Nova York, se destaca não apenas pelo seu trabalho, mas também por seu hábito de fumar. A cena em que ela fuma durante uma conversa descontraída em uma festa de trabalho, assim como em um momento de flerte com um ex-namorado, enfatiza a normalização do tabagismo como parte da narrativa contemporânea sobre relacionamentos na telinha.
A nova onda de fumantes na cultura pop
O que se observa em “Materialists” é apenas a ponta do iceberg. Celebridades como os músicos Addison Rae e Lorde têm mencionado o fumo em suas novas músicas. As estrelas da série “The Bear” também estão frequentemente associadas ao ato de fumar, tanto na tela quanto fora dela. O mundo de reality shows, como o das “Housewives”, está repleto de fumantes. Recentemente, um clipe da série viralizou nas redes sociais por conta da visualização de seus participantes fumando. Afinal, se Beyoncé aparece acendendo um cigarro durante sua turnê Cowboy Carter, é sinal de que o fumo voltou a estar em alta!
Esses fumantes estão sendo não apenas aceitos, mas celebrados. A percepção atual sugere que, mesmo sabendo dos malefícios associados aos cigarros, fumar é visto como algo estiloso. No filme “Materialists”, Lucy mantém seus cigarros em uma elegante caixa prateada, destacando o glamour associado ao ato de fumar, mostrando que ela consegue parecer deslumbrante com um cigarro em mãos.
Impacto nas redes sociais e na estética moderna
Jared Oviatt, criador do Instagram @Cigfluencers, que reúne fotos de celebridades fumando com glamour, notou um aumento na quantidade desse tipo de conteúdo nos últimos tempos. “No início, tive que mergulhar nos arquivos para encontrar exemplos. Agora, toda semana aparece alguém novo”, compartilha Oviatt, que começou sua conta depois de se deparar com uma foto de Dua Lipa fumando, o que despertou seu interesse.
A estética do fumo parece atingir um novo ápice, especialmente entre jovens artistas que moldam a cultura pop. Com referências nostálgicas e melancólicas, músicas como “Headphones On” de Addison Rae e “What Was That” de Lorde, trazem o cigarro como um símbolo de saudade e desconforto emocional. Para Rae, o cigarro é “uma forma de lidar com a dor”, enquanto Lorde associa sua experiência fumando a lembranças de um relacionamento passado.
Relações com a rebeldia e liberdade
Artistas como Charli XCX, que são conhecidas por um estilo de vida hedonista, também se destacam nesta nova era do fumo. Charli, que frequentemente é vista fumando, é vista como uma líder desse renascimento do cigarro. Sua influência fez com que outros jovens artistas, como Addison Rae, abandonassem suas imagens de “boazinhas” e incorporassem o cigarro como uma forma de afirmação de liberdade e autodefinção.
Esse retorno à popularidade dos cigarros contrasta fortemente com celebridades que promovem estilos de vida saudáveis. Existem aqueles que justificam sua escolha de fumar como um ato de empoderamento, acreditando que, se suas aparências forem afetadas, novas cirurgias plásticas podem facilmente corrigir isso. Essa mentalidade reflete uma estética de modernidade descontraída, onde os limites entre saúde e a busca de uma imagem glamourosa se confundem.
Reflexões sobre a imagem do fumar na sociedade atual
O conceito do “ciggy mommy”, popularizado pela estrela de reality show Gabby Windey, ilustra o novo arquétipo de quem fuma: alguém que combina despreocupação e certo cansaço em relação à vida. Windey recentemente incorporou essa imagem através de suas falas e comportamentos, criando um conceito que vai além de simplesmente fumar para abranger um estilo de vida.
Os fumantes da cultura pop têm plena consciência dos riscos associados ao tabagismo. Entretanto, suas representações em dramas contemporâneos, como “The Bear” e “Materialists”, trazem um toque de ironia e consciência histórica. As personagens que fumam são cientes de suas escolhas e utilizam o cigarro como uma representação de suas complexidades emocionais, solidão e, em muitos casos, um símbolo de poder.
No final das contas, o ressurgimento do cigarro nas telas e nas músicas reflete uma busca por autenticidade numa sociedade que está constantemente em busca de se reinventar. Fumar simboliza uma resistência ao conformismo e, de certa forma, uma rebelião contra as normas tradicionais de saúde e estética.
Assim, à medida que o fumo retorna como uma tese de poder e estética na indústria do entretenimento, fica claro que, apesar de todos os conhecimentos sobre seus riscos, o cigarro voltou a iluminar as telas e os palcos de uma forma que, para muitos, é inegavelmente atraente.