Enquanto o governo do Chile avança com propostas legislativas favoráveis à eutanásia, o arcebispo de Santiago, cardeal Fernando Chomali, permaneceu firme na defesa da vida desde a concepção até a morte natural. O pontuado pelo cardeal destaca as preocupações éticas, sociais e humanitárias relacionadas ao projeto de lei sobre auxílio médico para o fim da vida.
Eduardo na luta contra a eutanásia no Chile
O cardeal Chomali publicou uma coluna intitulada “Morrer em Paz”, na qual denuncia o projeto de lei que pretende regulamentar a eutanásia no país. Ele considera a proposta uma forma de “eugenia social” e critica a rapidez com que a tramitação está ocorrendo.
Na troca de propostas, o governo de Gabriel Boric busca modificar uma legislação que existe há quase 14 anos, sob diversos nomes, e que atualmente está em análise no Senado. As mudanças propostas incluem permitir que o procedimento seja realizado em casa, eliminar o direito de orientação espiritual e retirar a objeção de consciência por parte de instituições.
Principais pontos do projeto de eutanásia no Chile
De acordo com informações do BioBio Chile, o projeto propõe novos requisitos formais, como a manifestação reiterada do desejo do paciente e a criação de um comitê de avaliação. Além disso, sugere incluir a “assistência médica na morte” como uma prestação regular do sistema de saúde local.
Críticas à rapidez e às implicações éticas
Chomali expressa preocupação com a velocidade da tramitação e com a ambiguidade do texto, que estende-se a pacientes em situações complexas de saúde. Para ele, o projeto dimensiona a autonomia e a liberdade individual como absolutos, ignorando o dever da sociedade de cuidar dos mais vulneráveis.
“Uma lei que autoriza a eliminação direta de um ser humano na fase final da vida é um retrocesso ético e social”, afirmou o cardeal, questionando a justificativa de urgência na votação.
Impactos sociais e econômicos da proposta
Segundo o arcebispo, a proposta reflete uma cultura de irresponsabilidade estatal e social, especialmente para os menos favorecidos. Ele alerta que a lei poderia abrir espaço para que terceiros decidam pelo fim da vida de pessoas em situação de dependência ou abandono, muitas delas idosos pobres ou doentes em hospitais públicos.
O cardeal salientou a importância de investir em cuidados paliativos e de promover políticas públicas que garantam dignidade aos idosos, ao invés de legalizar práticas que facilitam o “fim fácil”. Como exemplo, citou a Fundación Las Rosas, que acolhe idosos vulneráveis onde a possibilidade de pedir a morte sequer surge em suas mentes.
Reflexões finais e chamamento à responsabilidade social
Chomali terminou seu apelo com a denúncia de que a proposta representa um avanço “da cultura do descarte” e uma demonstração de que o país está abandonando seu compromisso de cuidar dos mais frágeis. Ele pediu aos legisladores que priorizem legislações que promovam o cuidado humanizado, o atendimento paliativo e o respeito à vida.
“Devemos propor leis que permitam à pessoa morrer em paz, com dignidade e acolhimento, e fortalecer a atenção social e médica ao idoso e ao doente terminal”, concluiu. Segundo o cardeal, é necessário refletir profundamente sobre as motivações por trás de projetos que atacam os mais vulneráveis e ameaçam a convivência de uma sociedade justa e compassiva.
Esta reportagem foi originalmente publicada pela ACI Prensa, parceira da CNA em língua espanhola. Foi traduzida e adaptada para o português.