As investigações conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) revelaram um esquema de manipulação de resultados envolvendo o atacante do Flamengo, Bruno Henrique, que participava de apostas em cavalos com seu irmão. Mensagens encontradas no celular do jogador datadas de outubro de 2023 indicam sua participação em apostas em vaquejadas e provas de velocidade, práticas que eram proibidas pelo Ministério da Fazenda até o final do ano passado.
Acusações de manipulação de resultados
Apesar de suas atividades em apostas com cavalos não resultarem em denúncias, Bruno Henrique enfrentou sérias acusações. O atleta foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por manipulação de resultados esportivos, estelionato consumado e tentativa de estelionato em coautoria. Ele teria atuado para forçar a aplicação de um cartão amarelo durante um jogo entre Flamengo e Santos em 1º de novembro de 2023, fato que favorecia apostadores, conforme relatado na denúncia do MP.
O papel do irmão e a disseminação da informação
De acordo com os promotores, após Bruno Henrique avisar seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, de que iria receber o cartão amarelo, este compartilhou a informação com familiares. A Polícia Federal informa que o último contato entre Bruno e seu irmão ocorreu dias antes da partida. Amigos de Wander, cientes do acerto, disseminaram a informação entre um grupo de apostadores, que então realizaram apostas específicas na possibilidade do cartão amarelo do jogador.
“Dessa forma, todos os envolvidos sabiam que se tratava de um evento previamente acordado, realizando apostas com a expectativa do que realmente aconteceu durante a partida, onde Bruno Henrique forçou a aplicação do cartão amarelo, sendo subsequentemente expulso por ofender o árbitro”, detalham os promotores no documento de acusação.
Apostas direcionadas e denúncias
Outro ponto relevante nas investigações foi que as contas que realizaram as apostas eram recentemente criadas, indicando um possível ajuste prévio para aquele evento em particular. Segundo informações do Metrópoles, cerca de 95% das apostas feitas foram direcionadas especificamente ao cartão amarelo do jogador.
Em uma análise mais profunda, os promotores destacaram que, em uma das plataformas de apostas, 98% do volume de apostas para cartões se concentrou em Bruno Henrique. Semelhantes porcentagens foram identificadas em outros sites de apostas, evidenciando o comportamento suspeito dos apostadores. “A análise do grupo que registrou as apostas indicou que muitos eram novos usuários ou clientes antigos que alteraram drasticamente seus padrões habituais de apostas, aumentando consideravelmente os valores”, concluem os promotores.
Conforme mencionado na denúncia, o MP pede uma reparação de R$ 2 milhões dos acusados. O Metrópoles reporta que ainda tenta contatar Bruno Henrique para obter um comentário sobre as alegações.
Pandemia de fraudes no esporte
A denúncia protocolada pelo MPDFT estabelece que Bruno Henrique teria combinado previamente com outros indivíduos a execução de um cartão amarelo, atuando assim em benefício de apostadores. O caso, que envolveu outros nove indivíduos entre os acusados de estelionato e manipulação de resultados, foi um dos primeiros a chamar atenção em meio ao crescente problema de fraudes no esporte brasileiro.
“Esta denúncia reflete não apenas a preocupação do MPDFT com a integridade do esporte, mas também a necessidade de medidas rigorosas contra fraudes que comprometem a transparência das competições esportivas”, afirmou um dos promotores envolvidos no caso.
Como resultado da crescente atenção às fraudes em apostas, o MPDFT enfatiza a importância de ações rigorosas para proteger a integridade do esporte. O caso de Bruno Henrique é apenas a ponta do iceberg de um problema que necessita de soluções eficazes.
Embora o foco esteja agora no julgamento desse caso específico, espera-se que a discussão sobre as apostas esportivas continue a ganhar destaque em outras circunstâncias, levando a uma regulação mais robusta e à proteção dos atletas e do próprio esporte.
Bruno Henrique, agora sob os holofotes da justiça, enfrenta uma batalha não apenas para limpar seu nome, mas para abordar as implicações maiores do envolvimento de atletas em fraudes e atividades ilícitas nas apostas.
