De janeiro a maio de 2025, as exportações brasileiras para os Estados Unidos atingiram US$ 16,7 bilhões, um crescimento de 5% em relação ao mesmo período de 2024, segundo a Amcham Brasil. Este é o melhor resultado para o período desde o início da série histórica, reforçando a resiliência do comércio bilateral.
Recuperação nas exportações brasileiras para os EUA
O desempenho positivo é impulsionado especialmente por produtos como carne bovina, sucos de frutas, café e aeronaves, que mantêm sua competitividade mesmo diante de tarifas elevadas. Entre janeiro e maio, 79% dos bens exportados pelo Brasil ao mercado norte-americano eram de setor industrial, incluindo combustíveis, alimentos processados, químicos e máquinas.
Segundo dados da Amcham, a alta nas vendas de carne bovina (+196%), sucos (+96,2%), café (+42,1%) e aeronaves (+27%) demonstra o papel estratégico do Brasil como fornecedor em setores de forte demanda nos EUA.
Impacto das tarifas e dificuldades em alguns setores
Apesar do bom desempenho geral, alguns segmentos enfrentam retração. As exportações de celulose, ferro-gusa e equipamentos de engenharia apresentaram recuos devido às tarifas de até 10% e à concorrência de países com acesso preferencial ao mercado norte-americano, como o Canadá, por meio do USMCA. No caso do aço semiacabado, houve crescimento de 7,3% em valor e 28,4% em volume até maio, mas há indícios de declínio real, com parte da exportação sendo destinada a portos próximos ao México para consumo na indústria mexicana.
Além disso, a tarifa de 25% aplicada aos bens de aço deve subir para 50% em 4 de junho de 2025, o que deve afetar a competitividade brasileira nos próximos meses, segundo especialistas.
Comércio resiliente apesar dos desafios
Mesmo diante das tarifas, alguns produtos continuam a manter a presença forte no mercado americano. A Amcham destaca que fatores como o crescimento da demanda por alimentos e combustíveis nos EUA, além da liderança global do Brasil em setores como carnes, sucos e aeronaves, ajudam a sustentar o balanço comercial positivo.
Para Abrão Neto, presidente da entidade, o comércio bilateral demonstra resistência e reforça o papel do Brasil como parceiro estratégico para os Estados Unidos. “O cenário, apesar de desafiador, revela a capacidade do Brasil de se adaptar e continuar sendo um exportador relevante.”, afirma.
Perspectivas e próximos passos
Especialistas alertam para os efeitos futuros das tarifas elevadas e a necessidade de diversificação de mercados e produtos. O governo brasileiro trabalha na busca por alternativas comerciais e na implementação de políticas que minimizem o impacto das tarifas, especialmente nas exportações de aço, cuja situação ainda gera incertezas em relação ao seu crescimento real no mercado dos EUA.