Enquanto o elenco de Renato Paiva se prepara para iniciar, no próximo domingo, a disputa do Mundial de Clubes contra o Seattle Sounders, o Botafogo enfrenta uma batalha nos tribunais relacionada a um atleta dos Estados Unidos. O clube carioca está envolvido em um conflito judicial com o Atlanta United a respeito da venda de Thiago Almada, contratação realizada em junho do ano passado.
Decisão da FIFA condena Botafogo a pagamento
Em 26 de fevereiro de 2025, a FIFA condenou o Botafogo a pagar, em um prazo de até 45 dias, a quantia de US$ 21 milhões (aproximadamente R$ 116 milhões) ao Atlanta United pela transferência de Almada. No momento da negociação, os clubes concordaram que o pagamento seria feito em dez parcelas: duas de US$ 3 milhões, sete de US$ 2 milhões e uma de US$ 1 milhão, com vencimento a cada três meses. Com esse cronograma, a Gestão de Futebol (SAF) do Botafogo deveria quitar a dívida até setembro deste ano. No entanto, atualmente, nenhum pagamento foi realizado.
Implicações da falta de pagamento
O Atlanta United acionou a FIFA após o vencimento da segunda parcela em setembro do ano passado, quando o débito totalizava cerca de US$ 6 milhões (R$ 33 milhões). O Botafogo justificou a ausência dos pagamentos com base em outro litígio envolvendo Thiago Almada, o Atlanta United e a Major League Soccer (MLS). Os jogadores que se transferem para clubes da MLS têm direito a reter 10% de seus direitos econômicos, e o Botafogo alega que Almada foi pressionado a ceder essa porcentagem.
A disputa entre Botafogo e Atlanta United
O clube carioca acredita que o valor solicitado por Almada (cerca de US$ 2,3 milhões) deveria ser descontado da primeira parcela de US$ 3 milhões. O Atlanta United não concordou com essa proposta, levando o Botafogo a optar por não realizar qualquer pagamento. Em contato com a FIFA, o Botafogo, através do advogado catalão Joan Milà, argumentou que o Atlanta United era uma “parte terceirizada” no processo, pois a quantia da transferência deveria ser paga à MLS, que então repassaria ao clube. Esse desentendimento gerou complicações adicionais.
As alegações do Botafogo
No entanto, a FIFA negou os argumentos do Botafogo e sustentou a condenação ao pagamento da dívida. A entidade determinou que o Botafogo pagasse separadamente US$ 3 milhões, além de uma taxa de 5% ao ano e mais US$ 18 milhões ao Atlanta United com a mesma penalidade. A FIFA também impôs ao Botafogo um pagamento de US$ 150 mil à própria FIFA em até 30 dias após a notificação da decisão.
O não cumprimento dessa decisão poderia resultar em severas consequências para o Botafogo, incluindo a aplicação de um transfer ban, que impediria o clube de registrar novos atletas. Frente à situação, a gestão do Botafogo decidiu recorrer da decisão, o que adiou temporariamente a cobrança.
Possíveis implicações da venda de Almada
Além dos litígios legais, uma nova questão pode complicar ainda mais a situação: Thiago Almada tem se destacado no Lyon, clube francês pertencente à mesma holding que controla o Botafogo, e há rumores de uma possível venda do atleta. O sucesso de Almada na seleção argentina e suas atuações no Lyon tornaram-no um jogador valorizado no mercado europeu. A eventual transferência do atleta pode trazer recursos não apenas para ajudar o Botafogo a resolver essa disputa, mas também para enfrentar problemas financeiros enfrentados pelo Lyon.
Com a situação ainda em aberto e repleta de desdobramentos, o Botafogo continua a busca por soluções jurídicas que possam aliviar suas obrigações financeiras e permitir que o clube se concentre em suas atividades esportivas. A saga em torno de Thiago Almada e os impactos de sua transferência seguirão sendo tema de debate e atenção nos próximos meses.