O ex-presidente Jair Bolsonaro procurou seu antecessor Michel Temer em busca de conselhos antes de prestar depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF). A conversa entre os dois foi motivada pela experiência de Temer em situações semelhantes e sua proximidade com líderes políticos e do judiciário. Durante a conversa, Temer aconselhou Bolsonaro a adotar um tom mais comedido e menos agressivo durante seu depoimento.
A relação entre Bolsonaro e Temer
De acordo com fontes próximas aos ex-presidentes, essa interação não é nova. Em setembro de 2021, Bolsonaro já havia escrito uma carta de “pacificação à nação”, um movimento claro de recuo após uma série de ataques direcionados a ministros do STF. A decisão de Bolsonaro em buscar a orientação de Temer reflete uma tentativa de evitar novos conflitos e desgaste em um momento delicado.
A preparação para o depoimento
No último fim de semana, Bolsonaro esteve em São Paulo, onde se encontrou com seus advogados para discutir a estratégia de defesa em relação ao julgamento que apura a possibilidade de uma trama golpista relacionada à eleição presidencial de 2022. O ex-presidente é apontado como o principal líder dessa suposta conspiração e, portanto, sua postura durante o depoimento é crucial.
Interação com Alexandre de Moraes
No depoimento, que ocorreu na terça-feira, Bolsonaro pediu desculpas ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, e a outros integrantes da corte por críticas que havia feito durante uma reunião ministerial em julho de 2022. Ele enfatizou que suas declarações não tinham a intenção de acusar os ministros de desvio de conduta e esclareceu que a reunião não deveria ser gravada, o que justifica sua posição defensiva.
Reconhecimento de erros e relação com o STF
No interrogatório, Bolsonaro se viu diante de Moraes, que também é o relator do caso na Primeira Turma do STF. Essa foi a primeira vez que ambos interagiram diretamente em um ambiente formal, embora já tenham estado na mesma sala em outras ocasiões. Aliados da situação observaram que Bolsonaro conseguiu manter um tom conciliador, especialmente ao brincar ao convidar Moraes para ser seu vice na próxima eleição. A resposta do ministro foi negativa, mas a leveza no momento foi bem vista por aliados de Temer.
Consequências do depoimento
O depoimento de Bolsonaro faz parte de uma ação penal em que ele e outros sete réus estão sendo investigados por planejar um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Lula no final de 2022. As acusações incluem crimes graves como a abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, golpe de Estado, dentre outros. A gravidade das acusações torna os próximos passos do ex-presidente ainda mais vitais para sua imagem e futuro político.
Os desdobramentos e o futuro político de Bolsonaro
Embora Bolsonaro esteja inelegível devido a ataques feitos às urnas eletrônicas, ele continua a afirmar a intenção de disputar as próximas eleições. O clima tenso e a pressão da opinião pública em relação ao seu depoimento contribuem para um cenário imprevisível. O conselho de Temer parece ter surtido efeito, pois aliados notaram uma mudança na postura de Bolsonaro, que se mostrou mais respeitoso e menos combativo durante a audiência.
À medida que os acontecimentos se desenrolam, o desdobramento desta audiência e o impacto que pode ter na carreira política de Bolsonaro são ainda incertos. O ex-presidente precisa agir com cautela, especialmente em um ambiente tão polarizado e repleto de desafios legais.
Com a continuidade das investigações, resta saber como Bolsonaro navegará pelos próximos capítulos de sua trajetória, e o quanto sua relação com figuras como Michel Temer e ministros do STF influenciará suas decisões futuras.
