No último dia de audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi interrogado por cerca de dez horas pelo ministro Alexandre de Moraes, em um caso que envolve alegações de uma trama golpista após as eleições de 2022. A audiência, marcada por momentos inusitados e a presença de admiradores, evidenciou o estilo peculiar de Bolsonaro mesmo em meio a um processo sério.
Oito horas no banco dos réus
Bolsonaro chegou cedo ao STF, antes das 9h, e teve um breve contato com jornalistas, desconsiderando as recomendações de seus advogados para se manter em silêncio até o interrogatório. A interação inicial chamou a atenção, pois ele foi abordado por um funcionário da Corte que pediu uma selfie. Em um ambiente carregado emocionalmente, o ex-presidente também acompanhou as falas de outros réus, como Anderson Torres e Almir Garnier, aproveitando o tempo para se comunicar com seus advogados e fazer anotações sobre vídeos que gostaria de apresentar, embora seu pedido tenha sido negado por Moraes.
Almoço em Brasília e interações pessoais
Durante a pausa para o almoço, Bolsonaro aproveitou para se reunir com sua equipe em uma churrascaria na capital. O ex-presidente não perdeu a oportunidade de registrar um momento mais descontraído: ao retornar ao plenário, tirou uma selfie e enviou para sua esposa, Michelle, que estava ocupada em outro compromisso. As mensagens trocadas entre o casal revelaram um lado mais leve e humano do ex-mandatário, com elogios sobre sua aparência física e trocas de corações virtuais.
O alvoroço na sala do STF
Na volta ao STF, Bolsonaro gerou um pequeno tumulto ao se dirigir à porta novamente, mas logo esclareceu que precisava buscar um caderno que havia esquecido. O incidente, embora pequeno, destacou a curiosidade do público e a fama do ex-presidente, que continua a atrair atenções mesmo em situações formais.
Interrogatório com desabafos e humor
Na parte mais crucial do dia, o ex-presidente foi questionado sobre as acusações de estar envolvido em uma suposta tentativa de golpe de estado. Bolsonaro negou as alegações e, caracteristicamente, intercalou sua defesa com desabafos e momentos de humor, inclusive fazendo uma piada ao convidar Moraes para ser seu vice nas próximas eleições. Essa abordagem gerou risadas entre os presentes, mas também levantou questionamentos sobre a seriedade do momento, considerando a gravidade das acusações.
Momentos de descontração no STF
Após falar por cerca de duas horas, Bolsonaro ganhou um intervalo, onde um café preto foi servido a ele, em copos descartáveis do STF. Nos minutos de pausa, ele interagiu com alunos de Direito que estavam na plateia assistindo à audiência. Ao tirar fotos com jovens admiradores, ficou evidente a habilidade de Bolsonaro em criar conexões mesmo em ambientes adversos.
Final de audiência e decisões futuras
O dia foi longo e, apesar de sua promessa de falar com a imprensa ao final do interrogatório, o ex-presidente decidiu sair em silêncio. O final da audiência marca um capítulo importante não apenas na vida política de Bolsonaro, mas também na história recente do Brasil, onde questões de democracia e legalidade estão em constante debate.
Com as incertezas que cercam o futuro político do ex-mandatário, agora inelegível até 2030 devido a uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), suas ações e repercussões continuarão a ser monitoradas de perto, tanto por seus apoiadores quanto por opositores.
Em um cenário de tensão política, as imagens e relatos do dia de Bolsonaro no STF revelam a complexidade de sua figura pública e a mistura de seriedade e descontração que caracteriza sua abordagem única ao enfrentar desafios legais.