Brasil, 12 de junho de 2025
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A importância da transição justa na América Latina

Um debate na Gregoriana abordou um desenvolvimento sustentável centrado na dignidade humana e no cuidado ambiental.

Na última quarta-feira, 11 de junho de 2025, um debate crucial ocorreu na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, reunindo vozes influentes da Igreja e academia para discutir a urgência de um desenvolvimento sustentável que priorize a dignidade humana e o cuidado pela casa comum. O cardeal Jaime Spengler, presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM), juntamente com o reitor da universidade, Padre Mark Lewis, e o vice-ministro Jaramillo Jassir, enfatizaram a necessidade de uma mudança estrutural na América Latina, considerando a crise socioambiental atual.

Crise socioambiental e a voz da Igreja

Durante sua lectio magistralis, o cardeal Spengler advertiu que o mundo está passando por uma desagregação, refletindo mudanças rápidas e degradação ambiental tanto em desastres naturais quanto em crises sociais e econômicas. “A Igreja precisa ser uma voz de esperança e denúncia”, sublinhou ele, afirmando que a análise deve se basear nas experiências das comunidades mais vulneráveis, frequentemente as mais afetadas por essas crises.

O cardeal também denunciou as falsas soluções climáticas que, moldadas pela lógica do mercado, transformam a natureza em um ativo financeiro, sem abordar as reais estruturas que perpetuam a degradação ambiental. “Precisamos de mudanças estruturais urgentes”, reiterou. Ele destacou que a mudança climática está profundamente interligada à dignidade da vida humana e que a proteção dos ecossistemas deve ser uma prioridade. “Os ecossistemas não são serviços ambientais à venda, mas a base da vida”, afirmou.

Apresentando cinco caminhos para uma transição justa, Spengler enfatizou a importância da sobriedade na resistência ao consumismo, educação para a conversão ecológica, fortalecimento de comunidades locais, diálogo com a ciência e a promoção de narrativas de esperança sobre transformações reais. “O tempo está se esgotando”, alertou, enfatizando que as escolhas e decisões atuais moldarão a qualidade de vida das futuras gerações.

A contribuição da academia

O reitor Mark Lewis ressaltou a colaboração essencial entre a Igreja e o mundo acadêmico na defesa da casa comum, mencionando a importância de compreender a Amazônia como um desafio global. Ele destacou que a Pontifícia Universidade Gregoriana está comprometida com a ecologia integral, oferecendo diplomas que capacitam educadores a ensinar jovens sobre a responsabilidade ambiental. “Não adianta propor algo que ninguém pode fazer”, disse, enfatizando a necessidade de soluções realistas e acessíveis.

Em discussão, Emilce Cuda, da Pontifícia Comissão para a América Latina, expressou que a relação entre Colômbia e Santa Sé é um compromisso contínuo para identificar passos que conduzam a uma transição justa, especialmente em um contexto onde “a vida está por um fio”.

Paz e desenvolvimento sustentável na Colômbia

O vice-ministro Jaramillo Jassir destacou o histórico papel da Igreja na política colombiana, enfatizando seu comprometimento com a paz e a reconciliação. Ele apontou contribuições significativas da Igreja, como a facilitação de diálogos para a desmobilização de grupos armados e a promoção de um diálogo social pluralista em resposta à violência no país.

Jaramillo reconheceu a dificuldade em equilibrar a redução das desigualdades sociais com a proteção ambiental, enfatizando que ações devem sempre levar em conta os menos favorecidos. Ele incentivou resistir ao modelo extrativista e consumista, ressaltando que as transformações devem partir da cidadania, não apenas de cima para baixo. “Acredito que as pessoas de baixo estão percebendo as contradições de um modelo baseado na exploração”, concluiu.

O evento, que celebrou os 190 anos de relações diplomáticas entre Colômbia e Santa Sé, não só reforçou a necessidade de uma cooperação em prol de um desenvolvimento humano integral e sustentável, mas também lembrou que a ação conjunta – entre Igreja, academia e governos – é fundamental para construir um futuro melhor para toda a América Latina.

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