Sete anos após a polêmica que encerrou sua carreira, a atriz e comediante Roseanne Barr continua a rejeitar qualquer responsabilidade por sua famosa postagem no Twitter e, em vez disso, culpa Deus por suas ações. A mensagem racista, compartilhada em 2018, que comparou a ex-assessora do presidente Obama, Valerie Jarrett, a um personagem do filme “Planeta dos Macacos”, ainda ecoa na memória coletiva, mas para a artista, a história é outra.
A origem da polêmica
O tweet que causou a demissão de Roseanne e o cancelamento de seu programa foi claro e ofensivo: “a irmandade muçulmana e o planeta dos macacos tiveram um filho = vj.” A resposta imediata foi devastadora e resultou no fim abrupto de seu programa, que voltou sob o título “The Conners”, mas sem sua personagem principal.
A defesa de Roseanne
Em uma recente entrevista à Variety, a atriz de 72 anos tentou justificar suas ações. Segundo Roseanne, “Deus me disse para fazer o que eu fiz, e foi uma bomba nuclear”, referindo-se à repercussão causada pela postagem. Ela afirmou que a ideia inicial nunca foi racista, e que outras pessoas foram rápidas em fazer essa interpretação equivocada.
Continuando sua defesa, Roseanne explicou: “Sempre fui uma escritora. Eu tinha meu laptop na cama, como sempre, e abri. Uma postagem mostrava uma foto de Valerie Jarrett ao lado de Helena Bonham Carter como Ari em ‘Planeta dos Macacos’, e elas pareciam cópias Xerox uma da outra, então eu coloquei essa legenda.” Para ela, a legenda foi “perfeita” na ocasião.
Refutando acusações de racismo
Apesar das inúmeras críticas, Roseanne reafirmou que seu tweet não era racista e desviou as alegações à própria interpretação. “Rod Serling, o roteirista de ‘Planeta dos Macacos’, disse que o filme é sobre os judeus na Alemanha. Não é um filme sobre pessoas negras”, declarou, defendendo sua perspectiva. Além disso, admitiu que estava sob o efeito de Ambien e bebida no momento da postagem.
O impacto do tweet
No entanto, Roseanne afirmou que sua intenção era provocar discussões, alegando que “mais de 2 milhões de americanos pesquisaram sobre Valerie Jarrett e o acordo nuclear com o Irã” após seu tweet. Em vez de refletir sobre o impacto negativo que suas palavras tiveram, Barr parece ver um valor educativo na situação que criou.
Após a repercussão negativa, e a consequente demissão, a série “Roseanne” foi reformulada. Os criadores decidiram matar a personagem principal, Roseanne Conner, de uma overdose de opióides, um movimento que a atriz classificou como “estúpido e de visão limitada.” Ela expressou sua frustração, dizendo que “se sentiram muito p…” (parte do texto perdeu formatação), mas levando em consideração o impacto que suas palavras tiveram e a resposta da emissora àquela época, suas observações levantam questões sobre a responsabilidade dos artistas.
Reações e repercussões
Na época de sua demissão, a emissora emitiu uma declaração severa: “A declaração de Roseanne no Twitter é abominável, repugnante e inconsistente com nossos valores, e decidimos cancelar seu show”. Este foi um divisor de águas na indústria do entretenimento, mostrando que as redes estão dispostas a cortar laços quando se trata de má conduta de seus talentos.
Ironizando a situação, Roseanne revelou que se arrepende de ter pedido desculpas em 2018, notando que após sua manifestação de remorso, as coisas apenas pioraram para ela. A insistência em suas justificativas reflete uma parte da personalidade de Barr que parece preferir manter-se fiel à sua versão da história do que buscar uma reconciliação genuína com o público.
No fundo, a trajetória de Roseanne Barr e seu polêmico tweet oferecem uma discussão mais ampla sobre responsabilidade, capacidade de arrependimento e como as palavras têm poder na sociedade moderna.