Com Donald Trump incentivando fortemente ações militares para conter dissidências internas, a nomeação de um novo chefe do Pentágono acende alerta sobre a possibilidade de ordens para disparar contra cidadãos americanos, incluindo protestantes, o que ameaça a legalidade e a democracia do país.
Guerra verbal e ameaças militares contra manifestações
Desde as manifestações contra seu governo, Trump tem pressionado suas forças militares para atuarem de forma mais agressiva. Segundo ex-integrantes do Pentágono, ele teria sugerido, em 2022, que as tropas abrissem fogo nos protestos, inclusive nas pernas dos manifestantes, uma ordem que poderia ser ilegal
. O ex-secretário de Defesa, Lloyd Austin, e outros altos oficiais, porém, resistiram às pressões.
Novo secretário do Pentágono e possíveis riscos de obediência a ordens ilegais
Ao assumir o cargo, o secretário de Defesa, Pete Hegseth — ex-host de programa de televisão — recusou-se a responder se obedeceria a uma demanda de Trump para abrir fogo contra manifestantes, citando que seu compromisso é com a Constituição e não com ordens pessoais. No entanto, sua postura e histórico levantam dúvidas sobre sua resistência a ordens potencialmente ilegais
. Durante uma audiência de confirmação, Hegseth evitou responder diretamente, enfatizando que não daria uma opinião pública sobre possíveis ordens presidenciais.
Impulso para uso da força e aumento da militarização
Recentemente, Trump ordenou a presença de 2.000 efetivos da Guarda Nacional na Califórnia, em Los Angeles, para combater protestos relacionados às operações do ICE (Serviço de Imigração e Cidadania). A ação gerou violência e críticas de líderes locais, incluindo o governador Gavin Newsom, que denunciou ilegalidades na mobilização sem sua solicitação.
Antes, Trump tinha ameaçado expandir as forças militares, incluindo a adição de 700 Marines, além de ameaçar declarar estado de insurreição — uma medida que, se adotada, permitiria disparos e detenções mais amplas, embora sem invocação formal dessa legislação até o momento.
Legalidade e precedentes perigosos
Leis federais, como a Lei de Insurreição de 1807, impedem essas ações sem a devida autorização, o que, segundo especialistas, Trump tem evitado ao não declarar oficialmente uma insurreição. Porém, o perigo reside na possibilidade de um comando presidencial de disparos, uma medida de grande risco e potencialmente ilegal, que poderia deteriorar a democracia brasileira.
Reações e críticas ao uso excessivo da força
Senadores, como Mazie Hirono, criticaram duramente a escalada militar, qualificando a postura de Trump de abuso de poder. Ela questionou o que estaria tentando provar ao usar as forças militares sem a autorização dos governadores ou da lei, alertando para o precedente perigoso que isso coloca.
Por sua vez, o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, responsabilizou o governador Newsom por “subverter as leis federais” e afirmou que as forças federais atuarão para proteger seus oficiais, independentemente da resistência local.
Histórico de confrontos e riscos atuais
Em 2020, Trump ordenou a retirada de soldados na frente de protestos e violências, inclusive a ação em Lafayette Square, onde a militares dispersaram manifestantes na frente do Senado para uma foto com a Bíblia. A oposição criticou fortemente essas ações, considerando-as abuso de poder e uma ameaça à ordem constitucional.
Com a nomeação de um aliado mais leal ao seu estilo de liderança e a postura de Hegseth, o risco de o poder militar atuar contra civis sem respaldo legal se mantém, alimentando preocupações sobre uma possível escalada autoritária.
Especialistas alertam que, se Trump continuar com esse caminho, poderá abrir precedentes perigosos para o uso do Exército contra a população, colocando em xeque os princípios democráticos e a separação de poderes nos Estados Unidos.
Até o momento, o cenário indica uma crescente tensão entre a necessidade de manter a ordem e o respeito às liberdades civis, com a sombra de uma possível crise constitucional se intensificando.