O Banco Mundial revisou sua expectativa de crescimento da economia mundial para 2025, passando de 2,7% para 2,3%, refletindo o impacto das tarifas norte-americanas e da crise no comércio global, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (10). A previsão para a América Latina e o Caribe também foi ajustada para uma alta de 0,2 ponto percentual, indicando menor dinamismo na região.
Impacto das tarifas de Trump na economia mundial e na América Latina
De acordo com o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, embora uma desaceleração suave ainda seja possível, sinais atuais indicam uma intensificação da turbulência econômica global. “Se essa trajetória não for corrigida, as consequências para os padrões de vida podem ser profundas”, alertou Gill.
Na América Latina, a demanda interna permanece estável, mas as exportações sofrerão com o aumento do protecionismo comercial e a incerteza política, aponta o relatório. A região também será afetada pela queda de preços das matérias-primas, agravando o cenário econômico regional.
Economia dos Estados Unidos e México enfrentam obstáculos
Nos Estados Unidos, as tarifas de 25% impostas pelo governo Trump sobre importações de países não integrantes do T-MEC afetaram negativamente a balança comercial, contribuindo para a desaceleração da economia. Para a região, a previsão de crescimento foi revista para 2,4%, uma redução de 0,2 ponto percentual em relação a janeiro. Já o México, maior economia da região, deve crescer apenas 0,2% neste ano devido à instabilidade gerada pelas tarifas e pelo menor consumo interno.
Dados do Banco Mundial apontam que cerca de 80% das exportações mexicanas destinam-se aos EUA, com aproximadamente metade dessas mercadorias não integradas ao T-MEC, o que reforça a vulnerabilidade do país às políticas comerciais de Washington.
Previsões para o Brasil e a Argentina
O Brasil também sentirá os efeitos do cenário internacional adverso, com a previsão de crescimento revisada para 2,4%, uma alta de 0,2 ponto percentual, embora ainda distante do crescimento de 3,4% registrada em 2024. A entidade aponta que o menor crescimento está relacionado à desaceleração do consumo e investimento interno.
No caso da Argentina, após dois anos em recessão, a previsão de crescimento foi ampliada para 5,5% neste ano, impulsionada pelos setores de agricultura, energia e mineração, além de reformas macroeconômicas que visam atrair investimentos e estabilizar a economia.
Desafios regionais e riscos futuros
O Banco Mundial destaca que a inflação deve permanecer próxima ao teto das metas em vários países, dificultando a possibilidade de redução das taxas de juros, especialmente no Brasil e na Colômbia. Taxas elevadas tendem a reduzir o consumo e o investimento, pressionando os preços.
Entre os riscos mais relevantes, o relatório aponta uma possível desaceleração das economias dos Estados Unidos e da China, o que poderia afetar negativamente as cadeias produtivas globais. Além disso, as remessas de migrantes, responsáveis por aproximadamente 20% do PIB em alguns países centro-americanos e do Caribe, também permanecem vulneráveis a oscilações econômicas internacionais.
Segundo o documento, a trajetória atual, se mantida, pode comprometer o crescimento sustentável esperado para o período, reforçando a necessidade de políticas econômicas coordenadas e cautelosas para minimizar os efeitos das tensões comerciais e das incertezas geopolíticas.
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